5 - Matérias Práticas para o Currículo - Estudos em Educação Cristã








5. Matérias Práticas para o Currículo “Os estudantes se acham em nossas escolas a fim de receber um preparo especial e estar familiarizados com todos os ramos de serviço, de modo que, se tiverem que sair como missionários, sejam independentes e capazes, e, assim, por meio de sua aprimorada habilidade, possam prover-se do conforto e acomodações necessários” (Testemunhos para a Igreja, Vol. 6, p. 208). “Os estudos, no geral, deveriam ser poucos e bem escolhidos, e os que frequentam nossos colégios devem receber preparo diverso do que é ministrado nas escolas comuns da atualidade” (Christian Education, p. 47). Além das disciplinas consideradas essenciais, temos o seguinte currí- culo disciplinar que nossas escolas deveriam ensinar, para que o aluno, ao deixar a instituição, esteja não somente equipado para ensiná-las a outros, mas usá-las para seu próprio sustento: Carpintaria e construção: — “Sob a liderança de carpinteiros experientes ... os próprios alunos deveriam erguer prédios no terreno da escola... aprendendo a construir com economia” (Testemunhos para a Igreja, Vol. 6, p. 176). Jardinagem, agricultura e plantio de frutas: — “O estudo da agricultura deve ser o ABC da educação dada em nossas escolas. ... Devem-se plantar frutas miúdas, cultivar verduras e flores... [Os estudantes] devem dedicar-se ao plantio de árvores ornamentais e de frutas” (Ibid., p. 179, 181). Ofícios variados: — “Devem também ser feitos preparativos para ensinar ferraria, pintura, confecção de calçados, arte culinária, produção de pães, lavanderia, consertos de roupa, datilografia e impressão” (Ibid., p. 182). Criação de animais e aves: — “Os alunos aprendem a... cuidar com sabedoria do gado e das aves” (“An Appeal for the Madison School,” p. 1). 120 | Estudos em Educação Cristã Enfermagem: — “O treinamento para a obra médico-missionária é um dos maiores objetivos para o estabelecimento de qualquer escola” (Idem). Deveres domésticos: — “Tanto rapazes quanto moças deveriam obter conhecimento sobre deveres domésticos. Fazer a cama e arrumar o quarto, lavar a louça, preparar uma refeição, lavar e consertar sua própria roupa, tudo isso constitui um treinamento que não tornará um rapaz menos varonil. ... Que as moças, por outro lado, aprendam a arrear, cavalgar, usar a serra e o martelo, assim como o ancinho e a enxada” (Educação, p. 216). Cozinha e costura: — “Deveria ter havido professoras experientes para dar aulas às jovens no departamento culinário. As moças deveriam ter aprendido a confeccionar roupas, a cortar, fazer e consertar artigos de vestuário” (Christian Education, p. 19). Manutenção própria: — Os estudantes “têm aprendido a se tornar autossustentáveis, e um treinamento mais importante do que esse eles não poderiam receber” (“An Appeal for the Madison School,” p. 1). “E a lição do auxílio de si mesmo aprendida pelo estudante, muito faria no sentido de preservar as instituições de ensino do peso das dívidas” (Educação, p. 221). Trabalho manual: — Há uma ciência no trabalho manual que os educadores cristãos devem reconhecer. Ele desenvolve o cérebro, e é um meio para a conservação do físico. Os cientistas descobriram que o desenvolvimento mental simétrico é impossível à parte desse preparo físico, visto que, por meio do trabalho manual, uma área importante do cérebro é desenvolvida. Vale repetir, um tempo de angústia está adiante de nós, em que os que estiverem “na linha da verdadeira educação” não terão acesso a máquinas que são tão comuns hoje em dia, e muito do que agora é feito em fábricas e oficinas deverá necessariamente ser feito à mão. Mas o sucesso nessa reforma, como em qualquer outra, será proporcional ao amor pela causa. O educador que falou do treinamento manual como sendo “educação de cabo de enxada”, veio de uma escola cujo conselho diretivo havia fornecido instalações para o ensino da agricultura e de várias ocupações, mas todas elas haviam sido negligenciadas. A atitude desse professor fez com que os alunos sentissem que essas matérias importantes eram apenas secundárias. A necessidade de uma mudança no programa: — Muitas das disciplinas do currículo, como o Senhor tem dito, não são essenciais e deviam ser 5. Matérias Práticas para o Currículo | 121 eliminadas. Esses estudos práticos, segundo o conselho divino, são essenciais, mas não podem encontrar seu devido lugar ao lado das disciplinas intelectuais até que o programa de ensino, seguido por anos a fio e moldado segundo a velha ordem, seja radicalmente mudado para atender às novas demandas. Repetimos que é necessário fazer uma série de reformas radicais antes de um programa poder ser implantado e propiciar aos estudantes a oportunidade de pagar suas despesas escolares enquanto estudam. “Precisamos de escolas que sejam autossuficientes, e isso pode ser feito se professores e alunos forem úteis, industriosos e econômicos” (“Words of Encouragement to Self-supporting Workers”, p. 28 [24 de janeiro de 1907]). Devemos ter escolas com esse perfil para treinar os missionários que Deus requer para o alto clamor. Escolas de uma nova ordem: — “O plano das escolas que estabeleceremos nesses anos finais da obra deve ser de uma ordem completamente diferente dos que temos instituído. ... Há entre nós muito apego a velhos costumes; e por causa disso estamos muito aquém de onde deveríamos estar no desenvolvimento da terceira mensagem angélica. Como os homens não puderam compreender o propósito de Deus nos planos anteriormente feitos para a educação de obreiros, têm-se seguido métodos em algumas de nossas escolas que mais retardaram a obra de Deus do que a fizeram progredir” (“The Madison School”, p. 29). Verificamos que, na escola sob a nova ordem de coisas, além de outros estudos essenciais, “os estudantes aprendem a cultivar as próprias lavouras, a construir as próprias casas e a cuidar com sabedoria do gado e de aves. Eles têm aprendido a se tornar autossustentáveis, e não poderiam receber treinamento mais importante do que esse. Desse modo, eles têm obtido uma educação valiosa para a utilidade em campos missionários. “A isso é acrescentado o conhecimento de como tratar os doentes e cuidar dos feridos. Essa formação para o trabalho médico-missionário é um dos objetivos mais grandiosos para os quais qualquer escola possa ser estabelecida... A obra educacional da escola e do sanatório podem avançar de mãos dadas. A instrução dada na escola beneficiará os pacientes, e a instrução dada aos pacientes do sanatório será uma bênção para a escola... A qualidade da educação proporcionada ... é tão elevada que será considerada um tesouro de grande valor por aqueles que assumirem a obra missionária nos campos estrangeiros. Se 122 | Estudos em Educação Cristã muitos mais em outras escolas estivessem recebendo um treinamento semelhante, nós, como povo, seríamos um espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. A mensagem seria rapidamente levada a todos os países, e almas agora na escuridão seriam trazidas para a luz. “Em breve chegará o tempo em que o povo de Deus, por causa da perseguição, será disperso em muitos países. Aqueles que têm recebido uma educação integral estarão em grande vantagem onde quer que se encontrarem. O Senhor revela sabedoria divina em assim conduzir Seu povo para que treinem todas as suas faculdades e capacidades para a obra de espalhar a verdade. ... Vocês não têm nenhum tempo a perder. Satanás logo se levantará para criar obstáculos; que a obra vá adiante enquanto pode. ... Então a luz da verdade será irradiada de forma simples e eficaz, e uma grande obra será realizada para o Mestre num curto espaço de tempo. ... Temos de aprender a nos contentar com alimentos e roupas simples, para que possamos poupar muitos recursos para investir na obra do evangelho” (“An Appeal for the Madison School,”p. 1-3). Há esperança: — É dever de vocês, como estudantes, buscar descobrir qual é o plano de Deus para as nossas escolas, e que esta concisa exposição os capacite a entender melhor o tipo de educação que existia em nossas escolas mais antigas, de modo que possam evitá-la. Permitam-me impressioná-los novamente com o pensamento de que vocês devem buscar a ajuda do Senhor para impedir que jugos mundanos de educação sejam postos sobre vocês, mesmo sendo pelos professores de vocês. Lembrem-se de que Deus disse estas enfáticas palavras para nós, professores e alunos: “Estamos em positivo perigo de trazer para nossa obra educacional os costumes e modas que prevalecem nas escolas do mundo” (“The Madison School”, p. 28). Despendemos anos de peregrinação no deserto da educação mundana. Se nos faltar fé e coragem para adotar essa reforma, Deus levantará homens que a empreenderão. Sabemos de educadores seculares que olham com favor o plano educacional que nos foi entregue. Por exemplo, o atual presidente do Comissariado de Educação dos Estados Unidos, Dr. P. P. Claxton, como Horace Mann fez no passado, tem simpatia por esse plano; e depois de visitar um bom número de escolas que estão se esforçando para implantar essas reformas, expressou a um grupo de professores sua apreciação pelo sistema educacional nas seguintes palavras: “Eu gostaria muito que me fosse possível estar presente na reunião de professores e enfermeiros das escolas nas colinas que 5. Matérias Práticas para o Currículo | 123 vocês estão realizando esta semana. Estou grandemente interessado no trabalho que essas escolas estão fazendo. O trabalho que vocês estão realizando em Madison é notável e digno de elogios. Se vocês conseguirem de modo permanente manter a escola com seus fundamentos atuais, ela não deixará de realizar grande bem. O trabalho que fazem é altamente viável, e me parece estar baseado em princípios fundamentais e importantes de educação. O mesmo é verdadeiro com respeito às pequenas escolas que visitei, e acompanharei o seu progresso com grande interesse. Acredito que vocês vão conseguir realizar o que têm em mente. “Toda educação deve fluir da vida das pessoas que estão sendo educadas. Vocês e os professores que vocês estão enviando estão reconhecendo sabiamente esse princípio. A fim de educar as crianças, os pais também devem ser educados. Toda verdadeira educação deve consistir na educação de toda a comunidade, e deve se apropriar da vida que as pessoas vivem, tornando-as mais inteligentes acerca das coisas desta vida. É difícil e praticamente impossível alcançar melhores circunstâncias sem que as condições existentes sejam compreendidas”. Será que temos em nós o espírito de Calebe e Josué para dizermos que somos bem capazes, com a ajuda de Deus, de construir uma escola “na linha da verdadeira educação”? Devemos nos lembrar da promessa de que nossas escolas “são prisioneiras da esperança, e Deus as corrigirá e iluminará, trazendo-as de volta à sua honrada posição de separação do mundo”. Se estivermos dispostos e formos obedientes, Deus nos dará a vitória de que precisamos. “Que diretores, professores ou auxiliares não oscilem, voltando a seus velhos costumes de deixar que sua influência anule os próprios planos que o Senhor apresenta como o melhor plano para a educação física, mental e moral de nossa juventude. O Senhor requer que sejam dados passos adiante” (Review and Herald, 27 de dezembro de 1901). “Professores, confiem em Deus e avancem. ‘A Minha graça te basta’, é a garantia do Grande Mestre. Apoderem-se da inspiração dessas palavras, e nunca, nunca falem de dúvida e incredulidade. Sejam enérgicos. Não há serviço pela metade na religião pura e sem mácula” (Fundamentos da Educação Cristã, p. 436). “Antes que possamos levar a mensagem da verdade presente em toda a sua plenitude a outros países, devemos primeiro romper todo jugo. Precisamos entrar na linha da verdadeira educação, andando na sabedoria de Deus, e não na sabedoria do mundo. Deus chama 124 | Estudos em Educação Cristã mensageiros que serão verdadeiros reformadores. Devemos educar, educar, para preparar um povo que irá entender a mensagem, e então dar a mensagem ao mundo” (“The Madison School”, p. 30). “Agora, como nunca antes, precisamos compreender a verdadeira ciência da educação. Se deixarmos de compreender isso, jamais teremos lugar no reino de Deus”. Apêndice 126 | Estudos em Educação Cristã Apêndice A – A Escola de Madison Ellen G. White 1908 Capítulo 1 – Incentivem os Obreiros Sanatório, Califórnia, 4 de março de 1907. Fui instruída de que a obra no Sul deve ser encorajada, e que ajuda especial deve vir à obra em Nashville, Madison e Huntsville. Na escola de Madison, tem sido necessário trabalhar com a mais estrita economia, a fim de que a obra educacional lá desenvolvida pudesse ser levada adiante. Que nossos irmãos que possuem recursos se lembrem dessa escola e de suas necessidades. Os irmãos Sutherland e Magan fizeram um bom trabalho em Berrien Springs; eles foram além de suas forças em seu trabalho naquele lugar, arriscando sua saúde e até mesmo suas vidas. Em seus esforços em Madison, eles estão trabalhando arduamente e em meio a muitas dificuldades. Esses irmãos precisam não apenas de nossa confiança, mas também de nossa ajuda, para que possam colocar a escola de Madison onde ela cumpra a obra que Deus planeja que realize. Oro para que o Senhor santifique a compreensão de nosso povo, a fim de que esses homens não sejam deixados a sacrificar sua saúde na obra que estão tentando fazer. Oro para que professores e alunos possam ter sabedoria e coragem para realizar devidamente a sua parte, a fim de que sejam especialmente abençoados em tornar a escola um sucesso. É impossível fazer da escola de Madison o que ela deveria ser, a menos que lhe seja dada uma parcela liberal dos meios que forem reservados para a obra no Sul. Será que nossos irmãos irão desempenhar sua parte no espírito de Cristo? O Sul deve ser especialmente favorecido agora por causa da negligência do passado. A expiação pelo fracasso do passado em atender às 128 | Estudos em Educação Cristã necessidades deste campo deve ser plena e ampla. As instituições do Sul que, por anos, deveriam ter estado em terreno vantajoso, devem ser especialmente favorecidas agora. A escola de Huntsville deve ser incentivada a ampliar sua obra. Todas as vantagens possíveis devem ser concedidas a essas escolas para que mostrem o que pode ser realizado no sentido de fazer a terra produzir seus tesouros. As escolas de Madison e de Huntsville devem ser uma lição objetiva para as pessoas de sua vizinhança. Foi-me mostrado que há um perigo de essas escolas ficarem restritas em seus planos e limitadas em suas vantagens. Isso não deve acontecer. Deve-se fazer todo o possível para incentivar os alunos que precisam da instrução de qualidade que pode ser ministrada nessas escolas, a fim de que saiam devidamente instruídos para realizar uma obra por outros que necessitam da mesma educação e formação que receberam. Os campos estão se abrindo por toda parte para a obra que esses trabalhadores poderiam realizar. Devemos fazer tudo o que pudermos para estabelecer em uma base sólida a obra em Nashville e seus arredores. Tal obra deve ser realizada com simplicidade e de modo que recomende a verdade. Há muitos lugares no Sul abertos a nossa obra; mas, seja como for, comecemos nas cidades importantes, e levemos a mensagem agora. “Porque assim diz o Senhor dos Exércitos: Ainda uma vez, daqui a pouco, e farei tremer os céus, e a terra, e o mar, e a terra seca; e farei tremer todas as nações, e virá o Desejado de todas as nações, e encherei esta casa de glória, diz o Senhor dos Exércitos” (Ageu 2:6-7, ARC). Capítulo 2 – A busca de um local No Navio “Estrela da Manhã”, no rio Cumberland, 13 de junho de 1904. Irmão A. G. Daniells, Washington, DC Querido irmão Daniells, Estamos voltando de nossa viagem até o rio para procurar terras adequadas para a obra escolar. Fomos de Nashville para Carthage, uma distância de cerca de 274 km pelo rio e 125 km pela estrada de ferro. Ana- Apêndice A – A Escola de Madison | 129 lisamos vários lugares; mas a terra fértil rio acima é demasiado cara para pensarmos em comprá-la para fins educacionais. Amanhã de manhã vamos chegar a Edgefield Junction, que fica a apenas 19 km de Nashville. Vamos ficar lá o restante do dia, pois desejamos visitar uma fazenda que está à venda em Madison, cerca de 14 km de Nashville e quatro km da estrada de ferro. Diz-se que esta fazenda contém cerca de 40 hectares de boas terras de aluvião, mais de 40 hectares de terras agrícolas de qualidade adequadas para grãos e frutas, e cerca de 81 hectares de pastagens. Acreditamos que ela possa ser comprada por cerca de doze mil dólares. Dizem que ela tem mais de dois mil dólares em gado e implementos agrícolas. Desejo analisar esta fazenda e, se for da vontade do Senhor, farei isso amanhã à tarde. A fazenda tem uma casa espaçosa, celeiros e outros edifícios, e quatro km de uma boa cerca de pedra. Levando em consideração suas vantagens, seu preço é menor do que qualquer outra que vimos nesta parte do Tennessee. Deveríamos iniciar imediatamente o estabelecimento, em locais adequados perto de Nashville, de uma escola para brancos e uma escola para negros. Os obreiros em Nashville ganharão influência a partir destes centros de trabalho. Os professores dessas escolas podem ajudar a obra em Nashville. Fui instruída de que a terra em que serão estabelecidas nossas escolas deve ser suficientemente próxima de Nashville para haver uma conexão entre as escolas e os obreiros em Nashville. Mais do que isso, em Nashville existem grandes instituições para a educação dos negros, e nossa escola para os negros deve estar suficientemente perto dessas instituições para que esteja sob a asa de sua proteção. Há menos inclinação para oprimir os negros nesta região do Tennessee do que em muitas outras partes do Sul. O preconceito não será tão facilmente despertado. As instituições que foram estabelecidas para a educação dos negros são ricamente favorecidas e estão sob a liderança de homens brancos. A presença dessas instituições foi uma das razões pelas quais Nashville foi o lugar designado para que a gráfica fosse estabelecida. Fui instruída de que a obra no Sul deve ter todas as vantagens para imprimir e publicar livros, a fim de que esta obra obtenha uma posição muito mais avançada do que a que teve no passado. Tem sido sugerido por alguns que pode ser bom vender nossa propriedade em Huntsville e mudar a escola para algum outro lugar, mas fui instruída de que esta sugestão teve sua origem na incredulidade. Nossa 130 | Estudos em Educação Cristã escola em Huntsville está bem localizada, e a grande escola Estadual de pedagogia para a formação de professores negros, que funciona não muito longe de lá, regida por pessoas que não são de nossa fé, criou uma influência em favor da educação dos negros, a qual nosso povo deveria apreciar. Deveríamos ter instalações em Huntsville para a educação de um bom número de alunos. Deveríamos ter uma escola primária e uma escola para alunos mais avançados. Levaria anos para estabelecer em outro lugar a obra que já foi feita em Huntsville. Minha alma agita-se dentro de mim enquanto este assunto me é apresentado. Ainda não estive em Huntsville, mas escrevi um artigo sobre o que deverá haver ali no futuro. Devemos planejar com sabedoria. Deus irá adiante de nós se olharmos para Ele como nosso Conselheiro e nossa força. Precisamos nos distanciar de nosso egoísmo e começar a trabalhar para o Senhor com dedicação. Capítulo 3 – A compra de uma propriedade A propriedade encontrada em Madison, no Tennessee, foi finalmente comprada como o local para a criação de uma escola de treinamento para obreiros brancos. Em um artigo publicado na Review and Herald de 18 de agosto de 1904, dei uma descrição da propriedade e um esboço dos planos propostos para serem realizados no funcionamento da escola, como segue: Em conexão com a obra em Nashville, gostaria de falar do trabalho escolar que os irmãos Sutherland e Magan estão planejando fazer. Fiquei surpresa quando, ao falar da obra que queriam fazer no Sul, eles falaram sobre estabelecer uma escola em algum lugar distante de Nashville. Segundo a luz que me foi dada, eu sabia que essa não seria a coisa certa a fazer, e lhes disse isso. A obra que esses irmãos podem fazer, por causa da experiência adquirida em Berrien Springs, deve ser realizada numa área de fácil acesso a Nashville, pois Nashville ainda não foi trabalhada como deveria ser. E a proximidade de Nashville vai ser uma grande bênção para os obreiros da escola, pois poderão se aconselhar com os obreiros de lá. Enquanto buscavam um lugar para a escola, os irmãos encontraram uma fazenda de aproximadamente 162 hectares à venda, cerca de 14 km de Nashville. O tamanho da fazenda, sua condição, a distância até Nashville e o valor moderado pelo qual poderia ser adquirida pareciam apontá-la Apêndice A – A Escola de Madison | 131 como o lugar certo para a obra educacional. Aconselhamos que este lugar fosse comprado. Eu sabia que todo o terreno acabaria por ser necessário. Essas terras podem ser usadas com vantagem para o trabalho dos alunos e na construção de casas para os professores. E à medida que nosso trabalho avançar, uma parte dessa extensão de terra pode ser solicitada para a construção de um sanatório no campo. Outras propriedades foram examinadas, mas não encontramos nada tão bem adaptado para a nossa obra. O preço do local, incluindo as lavouras já existentes, máquinas agrícolas e mais de setenta cabeças de gado, era de 12.723 dólares. Ele foi comprado e, assim que possível, os irmãos Magan e Sutherland, com alguns ajudantes experientes, começarão a obra educacional naquele lugar. Estamos confiantes de que o Senhor tem guiado este assunto. Planos Propostos O plano sobre o qual nossos irmãos se propõem a trabalhar é: selecionar alguns dos melhores e mais vigorosos jovens, homens e mulheres, de Berrien Springs e de outros lugares do Norte, que acreditam que Deus os chamou para trabalhar no Sul, e dar-lhes um breve treinamento como professores. Será dada instrução completa em estudos da Bíblia, em fisiologia e na história da nossa mensagem, bem como instrução especial sobre agricultura. Espera-se que muitos desses estudantes acabem por se conectar com escolas em vários lugares do Sul. Em conexão com essas escolas, haverá terras que serão cultivadas por professores e alunos, e os lucros desse trabalho serão utilizados para o sustento das escolas. Fomos ver a fazenda mais uma vez após sua compra ser concluída, e ficamos muito satisfeitos com ela. Espero, sinceramente, que o estabelecimento da escola naquele local seja um sucesso e que ajude a progredir a obra do Senhor naquela parte da vinha. Existem homens de recursos em várias partes da região que podem apoiar esse empreendimento por meio de empréstimos sem juros e doações liberais. Apoiemos os irmãos Sutherland e Magan em seus esforços para o avanço dessa importante obra. Eles adquiriram uma experiência valiosa em Berrien Springs e, pela providência de Deus, sentiram que devem trabalhar no campo do Sul. Deus os auxiliou constantemente em seus esforços em Berrien Springs, enquanto avançavam de maneira firme, determi- 132 | Estudos em Educação Cristã nados de que os obstáculos não parariam a obra. Eles não estão deixando Berrien Springs por causa de dissensão ou contenda. Não estão fugindo do dever. Eles estão deixando um lugar onde uma escola foi estabelecida para ir para um novo campo, onde a obra talvez seja muito mais difícil. Os recursos que possuem são suficientes para pagar apenas uma parte do preço do terreno. Eles não devem ser deixados sozinhos na luta, incompreendidos e sem ajuda, sacrificando a saúde. Enquanto esses irmãos vão para o Sul assumir um trabalho pioneiro num campo difícil, pedimos ao nosso povo que torne o trabalho deles o mais eficaz possível, auxiliando-os na criação da nova escola perto de Nashville. Peço ao nosso povo que apoie a obra no campo do Sul, auxiliando os irmãos Sutherland e Magan, bem como seus fiéis companheiros, a levar avante o importante empreendimento que tomaram sobre si. Irmãos e irmãs, a pobreza e as necessidades do campo do Sul clamam urgentemente por sua ajuda. Há uma grande obra a ser feita nesse campo, e pedimos que vocês façam a parte que lhes cabe. Capítulo 4 – Um Sanatório no Campo No início da história da escola de Madison, foi sugerido que um hospital fosse estabelecido numa parte da propriedade adquirida para a fazenda da escola. Em algumas cartas escritas aos responsáveis pela obra médico-missionária nos Estados do Sul, apontei as vantagens que podem ser alcançadas com o estabelecimento de uma escola de formação e de um sanatório próximos um do outro. Essas cartas foram escritas no outono de 1904 e, um ano depois, os princípios estabelecidos nessas correspondências foram incorporados em um artigo, e este foi enviado para os irmãos reunidos em uma Convenção Médica Missionária em College View, Nebraska, entre 21 e 26 de novembro de 1905. Segue abaixo o artigo: A Cooperação entre as Escolas e os Sanatórios Fui instruída de que existem grandes vantagens a ser obtidas ao se estabelecerem uma escola e um sanatório próximos um do outro, para que possam se ajudar mutuamente. Foi-me dada instrução em relação a isso quando tomávamos decisões sobre a localização dos nossos Apêndice A – A Escola de Madison | 133 edifícios em Takoma Park. Sempre que for possível ter uma escola e um hospital suficientemente próximos para uma útil cooperação entre os dois, e ainda suficientemente afastados para impedir que um interfira no trabalho do outro, deixem que estejam localizados de modo a trabalhar em conjunto. Uma instituição dará influência e força à outra; além disso, ambas as instituições podem economizar dinheiro, porque uma pode compartilhar das vantagens da outra. Em conexão com nossas escolas maiores, devem ser providenciadas instalações para dar a muitos estudantes instrução completa sobre a obra médico-missionária evangelística. Essa linha de trabalho deve ser introduzida em nossas faculdades e escolas de formação como parte da instrução regular. Isso fará com que seja desnecessário que nossa juventude vá, de todas as partes do país, a Battle Creek ou a qualquer outro lugar para obter uma educação e uma formação sólida e satisfatória. Os que estão se preparando para ser enfermeiros e médicos devem, diariamente, receber instrução que desenvolverá os mais elevados motivos para o avanço. Eles devem frequentar nossas faculdades e escolas de formação; e os professores dessas instituições de ensino devem reconhecer sua responsabilidade de trabalhar e orar com os alunos. Nessas escolas, os alunos devem aprender a ser verdadeiros médicos missionários, firmemente conectados com o ministério evangelístico. Aqueles de nosso povo que têm profundo interesse nas crianças e nos jovens, e na formação de obreiros que levem avante a obra essencial para este tempo, não precisam ser deixados em perplexidade e incerteza quanto às medidas a serem tomadas para a formação médico-missionária de sua juventude. Deus abrirá portas diante de todos os que O buscam humildemente pedindo sabedoria no aperfeiçoamento do caráter cristão. Ele terá lugares prontos para que eles comecem a fazer o trabalho missionário genuíno. Nossas escolas e hospitais são estabelecidos para preparar trabalhadores para esta obra. A fim de que essa linha de esforço seja fortalecida, foi aconselhado que, em conexão com nossas escolas maiores, pequenos sanatórios fossem estabelecidos. Sempre que um hospital bem equipado estiver localizado perto de uma escola, este poderá contribuir grandemente para o fortalecimento do curso médico-missionário da escola, se os administradores estabelecerem uma cooperação perfeita entre as duas instituições. Os professores da escola podem ajudar os obreiros do sanatório com seus conselhos e orientações e, às vezes, falando aos pacientes. E, em troca, os responsáveis pelo hospital podem 134 | Estudos em Educação Cristã ajudar no treinamento para o serviço de campo dos alunos que estão desejosos de se tornar médicos-missionários. As circunstâncias, é claro, devem determinar os detalhes dos melhores arranjos a serem feitos. À medida que os obreiros de cada instituição planejarem ajudar um ao outro desinteressadamente, a bênção do Senhor certamente repousará sobre ambas as instituições. Nenhum homem, seja ele professor, médico, ou ministro, pode esperar ser um todo completo. Deus deu certos dons a cada homem e ordenou que eles se associassem em Seu serviço a fim de que os diversos talentos de muitas mentes sejam combinados. O contato de mente com mente tende a suscitar os pensamentos e aumentar as capacidades. As deficiências de um obreiro são frequentemente compensadas pelos dons especiais de outro; e, à medida que médicos e professores, assim unidos, se associarem na transmissão de seus conhecimentos, os jovens sob sua tutela receberão uma educação simétrica e equilibrada para o serviço. Em todos esses esforços, haverá muitas oportunidades para manifestação de cortesia e cavalheirismo. O Cristão é sempre cortês. E pela associação com seus companheiros de trabalho, ele se torna cada vez mais refinado. Ele aprende a ignorar pequenos pontos de divergência a respeito de questões sem consequência vital. Esse tipo de homem, quando encarregado de alguma das instituições do Senhor, está disposto a negar a si mesmo e ceder em suas opiniões pessoais sobre assuntos de menor importância, a fim de que, com todo o amor fraternal, ele coopere animadamente com os administradores de outra instituição próxima. Ele não hesita em falar claramente e com firmeza quando a ocasião exigir; mas cada palavra e ato seu será temperado com uma cortesia tão gentil, tão semelhante à de Cristo que ninguém se sentirá ofendido. A influência para o bem, exercida por um cavalheiro cristão ativo e consagrado, é poderosa. E quando os dirigentes de nossas instituições vizinhas aprendem a unir suas forças, e trabalhar de forma desinteressada e incansável para a edificação da obra uns dos outros, os resultados para o bem são de longo alcance. Os benefícios da cooperação sincera alcançam não somente os médicos e professores, alunos e auxiliares do sanatório. Quando um sanatório é construído perto de uma escola, os responsá- veis pela instituição de ensino têm grande oportunidade de dar um exemplo positivo para aqueles que, ao longo da vida, foram permissivos e indolentes, e que vêm para o sanatório a fim de ser tratados. Os pacientes verão o contraste entre a vida ociosa e de satisfação própria vivida por eles e a vida de abnegação e serviço Apêndice A – A Escola de Madison | 135 vivida pelos seguidores de Cristo. Eles vão aprender que o objetivo da obra médico-missionária é restaurar, corrigir erros e mostrar aos seres humanos como evitar a satisfação dos próprios desejos, que traz doença e morte. As palavras e ações dos obreiros do hospital e da escola revelam claramente que a vida é algo profundamente solene, do ponto de vista das contas que todos devem prestar a Deus. Cada um deve, agora, entregar seus talentos aos banqueiros, fazendo aumentar a dádiva do Mestre, abençoando outros com as bênçãos que lhe foram concedidas. No dia do juízo, o trabalho da vida de cada um é investigado, e cada um recebe recompensa proporcional aos esforços empreendidos. Para que os melhores resultados possam ser atingidos pelo estabelecimento de um sanatório próximo a uma escola, deve haver perfeita harmonia entre os obreiros de ambas as instituições. Às vezes, isso é difícil de acontecer, especialmente quando professores e médicos tendem a ser egocêntricos, cada um considerando como de maior importância o trabalho com o qual está mais intimamente ligado. Quando homens autoconfiantes são dirigentes de instituições vizinhas, grande aborrecimento pode resultar se cada um estiver determinado a seguir seus próprios planos, recusando-se a fazer concessões a outros. Tanto os responsáveis pelo sanatório quanto os responsáveis pela escola deverão se guardar de agarrar-se tenazmente às suas próprias ideias a respeito de coisas que não são realmente essenciais. Há uma grande obra a ser feita por nossos hospitais e escolas. O tempo é curto. O que deve ser feito deve ser feito rapidamente. Os que estão ligados a esses importantes instrumentos devem se converter completamente. Que eles não vivam para si, para fins mundanos, abstendo-se da total consagração ao serviço para Deus. Que eles se entreguem, corpo, alma e espírito, a Deus, para serem usados por Ele a fim de salvar almas. Eles não têm a liberdade de fazer consigo mesmos o que quiserem; eles pertencem a Deus, pois Ele os comprou com o sangue doador de vida de seu Filho unigênito. À medida que aprenderem a permanecer em Cristo, não permanecerá no coração nenhum espaço para o egoísmo. Eles encontrarão a mais plena satisfação em Seu serviço. Que isso seja ensinado e vivido pelos médicos-missionários. Que esses trabalhadores contem àqueles com quem entram em contato que a vida que os homens e as mulheres vivem hoje será examinada um dia por um Deus justo, e que cada um deve fazer o seu melhor agora, oferecendo a Deus serviço consagrado. Os responsáveis pela 136 | Estudos em Educação Cristã escola devem ensinar os alunos a usar os talentos que Deus lhes deu para o mais alto e sagrado propósito, para que possam realizar o maior bem neste mundo. Os alunos devem aprender o que significa ter um objetivo real na vida, e devem obter uma compreensão elevada do que significa a verdadeira educação. Eles precisam aprender o que significa ser verdadeiros evangelistas médicos-missionários — missionários que podem sair para trabalhar com os ministros da Palavra em áreas carentes. Onde quer que haja uma oportunidade favorável, que os nossos hospitais e nossas escolas se planejem para ser uma ajuda e uma força um ao outro. O Senhor deseja que a Sua obra avance de maneira sólida. Que a luz de Suas instituições brilhe como Deus planejou, e que Deus seja glorificado e honrado. Esse é o propósito e o plano do Céu no estabelecimento dessas instituições. Que os médicos, os enfermeiros, os professores e os alunos andem humildemente com Deus, confiando inteiramente nEle como o único que pode fazer com que o trabalho deles seja bem-sucedido. 14 de novembro de 1905. Capítulo 5 – Trabalhando em Unidade e em Fé Sanatório, Califórnia, 15 de outubro de 1906. Queridos irmãos, Sempre deve ser visto, entre os irmãos envolvidos nos vários ramos da obra do Senhor, um desejo de encorajar e fortalecer um ao outro. O Senhor não se agrada da atitude daqueles que dificultam o caminho de alguns que estão realizando o trabalho que lhes foi designado pelo Mestre. Se esses críticos fossem colocados na posição daqueles a quem eles criticam, desejariam um tratamento muito diferente daquele que dão aos seus irmãos. Devemos respeitar a luz que levou os irmãos Magan e Sutherland a comprar a propriedade e estabelecer a escola em Madison. Que ninguém fale palavras que tendam a desmerecer seu trabalho, ou desviar alunos da escola. Eu não acuso ninguém de ter a intenção de fazer algum mal, mas com base na luz que recebi, posso dizer: há perigo de que alguns critiquem injustamente o trabalho de nossos irmãos e irmãs ligados à escola de Madison. Que todo o incentivo possível seja dado àqueles que estão Apêndice A – A Escola de Madison | 137 engajados no esforço de educar crianças e jovens no conhecimento de Deus e de Sua lei. Para os obreiros em Madison, eu diria: Tenham bom ânimo. Não percam a fé. O Pai celestial de vocês não os abandonou para que alcancem o sucesso mediante seus próprios esforços. Confiem nEle, e Ele vai trabalhar por vocês. É privilégio de vocês vivenciar e demonstrar as bênçãos resultantes de andar pela fé e não pela visão. Trabalhem visando unicamente à glória de Deus. Aproveitem ao máximo suas capacidades, e vocês crescerão em conhecimento. Pode ser permitido àqueles que fazem a vontade de Deus passar por sofrimento, mas o Senhor fará com que eles finalmente triunfem. O Senhor lhes ajudou na escolha do local para a escola, e enquanto vocês continuarem trabalhando sob a orientação do Espírito Santo, seus esforços serão bem-sucedidos. O Senhor vai lhes conceder espírito e vida se vocês não se permitirem desanimar. Nossa confiança é que vocês recebam a ajuda da ação harmoniosa, das orações e dos recursos de seus irmãos. Mas não permitam que nenhum sentimento de desânimo seja acariciado. O Senhor tem uma obra a ser realizada por vocês onde estão, e os que estão fazendo Sua obra nunca precisam desanimar. Sanatório, Califórnia, 30 de outubro de 1906. Querido irmão _______, A escola de Madison deve ser tratada de forma justa, sim, de forma correta e leal. Se todos desempenharem uma parte para ajudar esta escola, o Senhor os abençoará. Estou determinada a fazer a minha parte. Não perdi nem um jota do meu interesse no campo do Sul. Quero desempenhar uma parte em ajudar todas as linhas da obra. Vamos levar todas essas cargas para o Senhor Deus de Israel. Vamos trabalhar em Seu nome e para a Sua glória. Nosso coração precisa estar cheio de compaixão. Precisamos ter coragem e alegria no Senhor. Nunca, nunca deixem que sejam proferidas palavras que aumentem o peso do fardo daqueles que há muito lutam para cumprir a vontade expressa e o propósito de Deus. Acredito plenamente que aqueles que estão ligados 138 | Estudos em Educação Cristã à escola de Madison estão realizando a vontade de Deus. Acredito que esta fazenda é o lugar certo para a escola. Devem ser tomadas medidas para ajudar esta instituição. Os que estão lutando para estabelecer esta escola devem ser ajudados. O Senhor é bom; vamos confiar nEle. Eu amo muito o Senhor, mas meu coração dói em ver e sentir a magnitude das necessidades que precisam ser atendidas. Nós diremos: O Senhor vive, e Ele é rico em recursos. Tenhamos o coração agradecido e bom ânimo no Senhor. Mantendo nossos olhos fixos em Jesus, podemos triunfar nEle. 6 de novembro de 1906. O caso da escola de Madison e a boa obra que deve ser feita lá, sem impedimentos, me foram apresentados; e planejei que esta soma de dinheiro, embora pequena em comparação com o que eles realmente precisam, fosse investida nesse empreendimento. Minha mente não poderia descansar até que isso fosse feito. Os obreiros de lá poderiam usar o dobro desse valor e obter bons resultados. Foi-me mostrado que, já anteriormente, nosso povo deveria ter providenciado recursos para esta escola e, assim, tê-la colocado em terreno vantajoso. E esta ainda é a maneira como enxergo o assunto. Os irmãos _______ e _______ são homens nos quais eu tenho confiança. Eu incentivei a compra da fazenda na qual está estabelecida a escola de Madison. Se ela tivesse sido localizada ainda mais longe de Nashville, isso não teria sido uma objeção. Ela está bem localizada, e produzirá seus tesouros. Os que estão levando a cabo o trabalho desta escola precisam e devem receber incentivos. Os irmãos que se encarregam de responsabilidades de natureza diversa deveriam, em certos aspectos, dar liberdade àqueles que possuem tanto bom senso quanto eles sobre as necessidades da fazenda em relação a prédios para a obra hospitalar e educacional. A fazenda da escola de Madison deve ser uma lição prática para o campo do Sul. Ela tem uma excelente localização, e está tão perto de Nashville quanto deveria estar. Apêndice A – A Escola de Madison | 139 Sanatório, Califórnia, 19 de janeiro 1907. Irmão _______, Querido irmão, Hoje estou sentindo um pesado fardo em meu coração. Ontem à noite, alguns assuntos de especial importância me foram apresentados. Parecia que eu passava por um sério conflito. Eu falava a um grupo de homens e mulheres, e apresentava-lhes os perigos do nosso povo. Falei de nossa grande necessidade de estar mais com Deus em oração. Eu tinha palavras de encorajamento para dar a diferentes pessoas. Foram-me dadas palavras de instrução para dizer a você e aos irmãos _______, _______ e _______. Eu disse: Você tem uma obra a fazer para encorajar o trabalho da escola em Madison, Tennessee. Há poucos professores entre nós que tiveram a experiência de levar adiante o trabalho em lugares difíceis. Os obreiros que têm se esforçado para realizar o ideal e a vontade de Deus em Madison não vêm recebendo o devido incentivo. A menos que o irmão Sutherland seja aliviado de parte da pressão que está sobre ele, ele vai sucumbir sob o fardo. Vocês podem perguntar: O que é necessário? Eu respondo: É o incentivo. Os irmãos Sutherland e Magan aprenderam uma lição severa no passado. O Senhor enviou-lhes correção e instrução, e eles receberam a mensagem do Senhor e fizeram confissões. ... Quando eu estava em Washington (agosto de 1904), supliquei que os irmãos Sutherland e Magan acreditassem que Deus havia perdoado seus erros; e, desde então, tenho tentado, através de ajuda e encorajamento, fazê-los perceber que o Senhor os tinha colocado em posição vantajosa. É seu privilégio, irmão _______, e privilégio daqueles que têm grande influência na obra, fazer esses irmãos entenderem que eles têm a confiança e o encorajamento de vocês no trabalho que estão bravamente realizando. O irmão Sutherland está num estado precário de saúde. Não podemos nos dar ao luxo de perdê-lo; precisamos de sua experiência na obra educacional. Os irmãos que possuem influência devem fazer tudo que estiver ao seu alcance para amparar as mãos desses obreiros, incentivando e apoiando a 140 | Estudos em Educação Cristã obra da escola de Madison. Recursos devem ser destinados para suprir as necessidades da obra em Madison, para que o trabalho dos professores não seja tão difícil no futuro. Capítulo 6 – Carta a um Presidente de Associação Sanatório, Califórnia, 5 de fevereiro de 1907. Querido irmão, Eu escrevo para pedir-lhe que se interesse pela escola de Madison. Os irmãos Sutherland e Magan têm trabalhado diligentemente, muito além de suas forças, para iniciar a obra educacional nesse lugar, que foi indicada pelo Senhor. Eles têm se esforçado para estabelecer uma escola que prepare moças e rapazes para atuar como missionários no campo do Sul. No presente momento, eles deveriam ter cinco mil dólares para poderem fornecer instalações adequadas para o trabalho; e mais ainda deve ser providenciado para que um pequeno sanatório possa estar ligado à escola. Até agora, eles receberam muito pouca ajuda nesse empreendimento, quando comparado às necessidades e à importância da obra. Eles têm trabalhado arduamente e feito planos para proporcionar uma educação que seja essencial para preparar obreiros para ensinar os ignorantes e explicar-lhes as Escrituras. Além do estudo dos livros, os alunos são ensinados a cultivar o solo, construir casas e realizar outros tipos de trabalho útil. A localização da escola de Madison é excelente, e possui grandes vantagens para a obra escolar. Mas os líderes desse trabalho estão carregando um fardo muito pesado, e deveriam ser aliviados da grande ansiedade que repousa sobre eles devido à falta de recursos para realizar o necessário em termos de providenciar condições adequadas para uma escola bem-sucedida. Devemos permitir que esses obreiros sejam sobrecarregados além de suas forças, levando adiante, quase sozinhos, um trabalho que deveria receber a cooperação sincera de seus irmãos? Apelo aos nossos irmãos em _______ para ajudar nessa emergência, e fazer uma doação liberal para a escola de Madison, para que possam construir um edifício para capela e escola. Esse prédio deveria ter-lhes sido fornecido há muito tempo. Não vamos deixar que estes homens tra- Apêndice A – A Escola de Madison | 141 balhem sob as desvantagens presentes, quando o tempo é tão precioso e a necessidade de trabalhadores capacitados no Sul é tão grande. O trabalho no Sul tem sido tristemente negligenciado. É chegada a hora de nossas igrejas se despertarem para o seu dever neste campo necessitado. A luz deve brilhar em meio à escuridão moral de ignorância e superstição. A verdade em sua simplicidade deve ser levada aos que estão na ignorância. Nas escolas comuns, algumas das coisas que são ensinadas são mais um obstáculo do que uma bênção. Precisamos de escolas onde a palavra de Deus seja usada como base da educação. A escola de formação de professores em Madison deve ter o apoio vigoroso do povo de Deus. Por isso, peço que você e seus colegas da comissão da Associação ajudem liberalmente nossos irmãos de Madison nessa importante obra. Capítulo 7 – Carta à Comissão da União do Sul Sanatório, Califórnia, 24 de fevereiro de 1907. Queridos irmãos, Tenho uma mensagem para dar ao nosso povo no campo do Sul. Há um trabalho importante a ser levado avante em Nashville e arredores, e um decidido interesse deve ser manifestado nesse campo. Os irmãos Sutherland e Magan, bem como seus associados, começaram o trabalho em Madison em harmonia com a direção do Espírito de Deus. O Senhor os guiou na escolha de um local para a escola. Se um pequeno sanatório tivesse sido estabelecido em conexão com a escola, teria sido de acordo com o propósito de Deus; e essas duas instituições teriam sido uma ajuda mútua. Isso ainda não foi feito, mas nossos irmãos em Madison não precisam ficar desanimados. Eu diria aos nossos irmãos no campo do Sul: Que nenhuma restrição seja colocada sobre a escola de Madison que limite seu trabalho em seu campo de atuação. Se os irmãos Sutherland e Magan prometeram não convocar para a escola nenhum aluno dos Estados do Sul, eles devem ser liberados de qualquer restrição desse gênero. Essa promessa nunca deveria ter sido solicitada ou admitida. Fui instruída a dizer que não deve 142 | Estudos em Educação Cristã haver nenhum tipo de restrição que limite a liberdade deles de convocar alunos no campo do Sul. Necessita-se de uma instituição como a estabelecida próximo a Nashville; e que ninguém tente impedir a frequência de alunos que, nessa escola, estão em melhores condições de receber o treinamento que irá prepará-los para trabalhar nos Estados do Sul e em outros campos missionários. Em Berrien Springs, os irmãos Sutherland e Magan realizaram uma obra de autossacrifício. Eles não deixaram o Norte porque tinham perdido sua influência; eles foram para o Sul porque viram as necessidades desse campo. Em seu trabalho em Madison, eles devem receber encorajamento daqueles a quem vieram ajudar. Aqueles que são responsáveis pelo desembolso de fundos direcionados para o campo do Sul não devem deixar de prestar ajuda adequada à escola de Madison. Na escola de Madison, os alunos são ensinados a cultivar o solo, construir casas e realizar outras formas de trabalho útil. Estas são algumas das frentes de trabalho que o Senhor nos instruiu a introduzir em nossa escola na Austrália. Com treinamento prático, os alunos serão preparados para ocupar posições úteis em muitos lugares. Habilidade nas artes comuns é um dom de Deus. Ele fornece tanto o dom quanto a sabedoria para usar o dom corretamente. Quando Ele desejou que uma obra fosse feita no tabernáculo, lemos: “Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício”. Por meio do profeta Isaías, o Senhor diz: “Inclinai os ouvidos e ouvi a Minha voz; atendei bem e ouvi o Meu discurso. Porventura, lavra todo dia o lavrador, para semear? Ou todo dia sulca a sua terra e a esterroa? Porventura, quando já tem nivelado a superfície, não lhe espalha o endro, não semeia o cominho, não lança nela o trigo em leiras, ou cevada, no devido lugar, ou a espelta, na margem? Pois o seu Deus assim o instrui devidamente e o ensina. “Porque o endro não se trilha com instrumento de trilhar, nem sobre o cominho se passa roda de carro; mas com vara se sacode o endro, e o cominho, com pau. Acaso, é esmiuçado o cereal? Não; o lavrador nem sempre o está debulhando, nem sempre está fazendo passar por cima dele a roda do Apêndice A – A Escola de Madison | 143 seu carro e os seus cavalos. Também isso procede do Senhor dos Exércitos; ele é maravilhoso em conselho e grande em sabedoria”. [Is 28:23-29]. Hoje, o Senhor, com efeito, chamou alguns para a obra de ensinar outros, para prepará-los para servir em Sua causa. Que aqueles que foram chamados se dirijam alegremente ao seu campo de trabalho, seguindo sempre a direção de Deus. Deus distribui seus dons como Lhe agrada. Ele dá um dom a um, e outro dom a outro, mas tudo para o bem do corpo inteiro. É segundo o plano de Deus que alguns sejam úteis em determinado ramo de trabalho, e outros em outros ramos — todos trabalhando sob o mesmo Espírito. O reconhecimento desse plano será uma salvaguarda contra a emulação carnal, o orgulho, a inveja ou o desprezo de outros. Reforçará a unidade e o amor mútuo. Se a providência de Deus assim o indicar, e tornar-se necessário erguer uma casa de reunião em alguma localidade, o Senhor fica honrado se houver, entre Seu próprio povo, pessoas a quem ele concedeu sabedoria e habilidades para realizar o trabalho necessário. Ele envia homens para levar Sua verdade a pessoas de língua estrangeira, e tem, por vezes, aberto a mente de Seus missionários, capacitando-os a aprender a nova língua rapidamente. Os mesmos a quem eles vieram ajudar espiritualmente vão ajudá-los a aprender a língua. Através dessa relação, os nativos são preparados para ouvir a mensagem do evangelho quando esta for transmitida em sua própria língua. Capítulo 8 – Uma educação missionária Na obra de salvar almas, o Senhor convoca obreiros para trabalhar juntos com diferentes planos, ideias e métodos variados de trabalho. Mas, com essa diversidade de mentalidades, deve ser revelada uma unidade de propósito. Muitas vezes, no passado, a obra que o Senhor planejou que prosperasse tem sido dificultada, pois há homens que tentam colocar um jugo sobre seus colegas de trabalho que não seguem os métodos que eles julgam ser os melhores. Nenhum padrão exato pode ser estabelecido para a criação de escolas em novos campos. O clima, o ambiente, a situação do país e os meios disponíveis para o trabalho devem exercer um papel no delineamento da 144 | Estudos em Educação Cristã obra. As bênçãos de uma educação integral trarão sucesso à obra missionária cristã. Através dela, almas serão convertidas para a verdade. “Vós sois a luz do mundo”, declara Cristo. “Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus”. Nestes últimos dias, a obra de Deus na terra deve refletir a luz que Cristo trouxe ao mundo. Esta luz deve dissipar a grande escuridão dos séculos. Homens e mulheres em escuridão pagã devem ser alcançados por aqueles que, em algum momento, estiveram em condição similar de ignorância, mas receberam o conhecimento da verdade da Palavra de Deus. Essas nações pagãs aceitarão avidamente a instrução dada em forma de conhecimento de Deus. A obra de Deus na terra é muito preciosa aos Seus olhos. Cristo e os anjos celestiais a estão vigiando a cada momento. À medida que a vinda de Cristo se aproxima, a obra missionária vai ocupar cada vez mais nossos esforços. A mensagem do poder renovador da graça de Deus será levada a todos os países e regiões, até que a verdade circunde o mundo. Entre o número daqueles que serão selados estarão os que vieram de cada nação, e tribo, e língua e povo. Homens e mulheres serão reunidos de todos os países e estarão diante do trono de Deus e diante do Cordeiro, clamando: “Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro”. Mas antes que esta obra possa ser realizada, devemos experimentar, aqui mesmo, em nosso próprio país, a obra do Espírito Santo em nosso coração. Deus me revelou que corremos grande perigo de trazer para nossa obra educacional os costumes e modas que prevalecem nas escolas do mundo. Se os professores não forem vigilantes em seu trabalho, eles colocarão jugos mundanos sobre os ombros de seus alunos, em vez do jugo de Cristo. O planejamento das escolas que devemos estabelecer nestes anos finais da obra deve ser de ordem completamente diferente daquelas que instituímos no passado. Por essa razão, Deus nos ordena estabelecer escolas fora das cidades, onde, sem impedimentos, poderemos dar prosseguimento ao nosso trabalho de educação, pautado em planos que estejam em harmonia com a solene mensagem que nos foi confiada para dar ao mundo. Tal educação pode ser melhor implementada onde exista terra para cultivar, e onde o tipo de exercício físico praticado pelos alunos seja de tal natureza que Apêndice A – A Escola de Madison | 145 venha a desempenhar uma parte importante na construção de seu caráter e em sua preparação para o serviço útil nos campos aos quais irão. Deus abençoará o trabalho daquelas escolas dirigidas de acordo com Seu desígnio. Quando estávamos trabalhando para estabelecer o trabalho educacional na Austrália, o Senhor nos revelou que esta escola não deveria ser moldada de acordo com nenhuma das escolas que tinham sido estabelecidas no passado. Esta deveria ser uma escola modelo. A escola foi organizada com base no plano que Deus nos dera, e Ele tem feito seu trabalho prosperar. Foi-me mostrado que, em nosso trabalho educativo, não devemos seguir os métodos adotados por nossas escolas mais antigas. Há entre nós muito apego a velhos costumes, e por isso estamos muito aquém de onde deveríamos estar no avanço da mensagem do terceiro anjo. Visto que os homens não conseguiam compreender o propósito de Deus nos planos a nós apresentados para a educação dos obreiros, alguns métodos foram adotados, em algumas de nossas escolas, os quais têm causado atraso, em vez de avanço, na obra de Deus. Anos se passaram para a eternidade, com pequenos resultados, que poderiam ter presenciado a realização de uma grande obra. Se a vontade do Senhor tivesse sido seguida pelos trabalhadores na terra assim como é seguida pelos anjos no céu, muito do que agora resta a ser feito já estaria terminado, e nobres resultados seriam vistos como fruto do esforço missionário. A utilidade aprendida na fazenda escolar é a educação mais essencial para os que saem como missionários a muitos campos estrangeiros. Se essa formação é dada visando à glória de Deus, grandes resultados serão vistos. Nenhum trabalho será mais eficaz do que o realizado por aqueles que, tendo obtido uma educação na vida prática, saem para os campos missionários com a mensagem da verdade, preparados para instruir como foram instruídos. O conhecimento que adquiriram no cultivo do solo e em outras formas de trabalho manual, e que carregam consigo para seus campos de trabalho, vai torná-los uma bênção, mesmo em terras pagãs. Antes que possamos levar a mensagem da verdade presente em toda a sua plenitude a outros países, devemos primeiro romper todo jugo. Precisamos entrar na linha da verdadeira educação, andando na sabedoria de Deus, e não na sabedoria do mundo. Deus chama mensageiros que serão verdadeiros reformadores. Devemos educar, educar, para preparar um povo que irá entender a mensagem, e então dar a mensagem ao mundo. 146 | Estudos em Educação Cristã Tem havido uma falha decisiva em satisfazer as exigências de Deus no campo do Sul. Precisamos clamar ao Senhor por entendimento para enxergarmos nossa deficiência e compreendermos a situação no Sul, bem como a necessidade de fazer o trabalho missionário que se encontra à nossa mão. As pessoas sem instrução no Sul precisam do conhecimento do evangelho tanto quanto os pagãos em terras distantes. Deus pede que estudemos como atingir as classes negligenciadas de brancos e negros do Sul, e com toda habilidade que pudermos adquirir, trabalhemos pelas almas desses homens e mulheres. A Escola de Madison Os irmãos Sutherland e Magan, juntamente com seus companheiros fiéis, enfrentaram um grande problema para se adaptar, com recursos limitados, ao trabalho em Madison, no Tennessee. Eles tinham muitos obstáculos e dificuldades a enfrentar, algumas das quais nunca precisavam ter adentrado a obra. Esses irmãos foram convencidos a comprar o lugar ocupado atualmente pela escola de Madison devido à luz especial que me foi dada de que esse lugar era bem adequado ao trabalho educacional que era muito necessário ali. Foi-me mostrado que, nesse lugar, poderia ser dada vantajosa educação integral aos alunos que viessem do Norte e do Sul para receber instrução. Considerando o trabalho que já foi realizado pela escola de Madison, o Senhor está mostrando que tem abençoado a obra desenvolvida lá, e tem guiado os professores que juntos estão levando o fardo da obra. Muitos obstáculos foram colocados no caminho dos pioneiros da escola de Madison, a ponto de desencorajá-los e desviá-los do campo. Esses obstáculos não foram colocados ali pelo Senhor. Em alguns aspectos, o planejamento e os expedientes humanos finitos têm trabalhado contra a obra de Deus. Sejamos cuidadosos, irmãos, para não nos opormos e impedirmos o progresso de outros, atrasando assim o avanço da mensagem do evangelho. Isso tem acontecido, e é por isso que agora sou compelida a falar tão claramente. Se o empreendimento escolar em Madison tivesse recebido auxílio adequado, seu trabalho poderia estar em um estágio muito mais avançado de desenvolvimento no momento. O trabalho em Madison está tendo um progresso lento, mas ainda assim, apesar dos obstáculos e impedimentos, Apêndice A – A Escola de Madison | 147 esses obreiros não fracassaram nem desanimaram; e foram capacitados a realizar um bom trabalho na causa de Deus. O Senhor não limita o trabalho de seus obreiros a alguns setores como os homens estão acostumados a fazer. Os irmãos Magan e Sutherland foram prejudicados desnecessariamente em seu trabalho. Eles foram privados de recursos porque, na organização e gestão da escola de Madison, ela não foi colocada sob o controle da Associação. Mas as razões pelas quais a escola não se tornou propriedade da Associação e não foi controlada por ela não foram devidamente consideradas. A falta de interesse nesta obra, por parte de alguns que deveriam tê-la valorizado em alto grau, é decididamente equivocada. Nossos irmãos devem ficar vigilantes para não repetir tais experiências. O Senhor não exige que a obra educacional em Madison seja completamente alterada antes que possa receber o apoio caloroso do nosso povo. A obra que tem sido feita lá tem a aprovação de Deus, e Ele proíbe que esse tipo de trabalho seja rompido. O Senhor continuará a abençoar e amparar os obreiros enquanto seguirem Seu conselho. Os irmãos Sutherland e Magan foram designados para realizar a obra do Senhor em Madison tão verdadeiramente quanto outros obreiros são apontados para desempenhar a sua parte na causa da verdade presente. A luz que me foi dada indica que devemos ajudar esses irmãos e seus colaboradores, que têm trabalhado além de suas forças, sob grandes desvantagens. Vamos procurar entender a situação e cuidar para que a justiça e a misericórdia não sejam esquecidas na distribuição de recursos. Os líderes do trabalho na escola de Madison são cooperadores de Deus. Seus irmãos devem fazer mais por eles. O dinheiro do Senhor deve sustentá-los em seu trabalho. Eles têm o direito de partilhar dos meios fornecidos para a causa. Eles devem receber uma parte proporcional dos meios angariados para a promoção da causa. 18 junho de 1907. Ellen G. White 148 | Estudos em Educação Cristã Apêndice B – Apelo em Prol da Escola de Madison Ellen G. White 1908 Conheço as necessidades da obra que está sendo realizada pelos irmãos Magan e Sutherland e seus co-obreiros em Madison, Tennessee, pois o Senhor me apresentou claramente essa questão. A luz havia sido dada de que uma grande obra devia ser realizada dentro e ao redor de Nashville. Quando esses irmãos estavam em busca de um local para a escola, encontraram a fazenda onde a instituição hoje se encontra. O preço era razoável e as vantagens eram muitas. Foi-me mostrado que a propriedade deveria ser adquirida para a escola, e eu os aconselhei a não procurar mais. O Caráter da Obra A escola em Madison não só educa no conhecimento das Escrituras, como também dá treinamento prático que capacita os alunos a sair como missionários de sustento próprio nos campos para os quais são chamados. Em sua obra em Madison, os irmãos Sutherland e Magan, bem como seus colaboradores, têm suportado provações com nobreza. Os estudantes aprendem a cultivar as próprias lavouras, a construir as próprias casas e a cuidar com sabedoria do gado e de aves. Eles têm aprendido a se tornar autossustentáveis, e não poderiam receber treinamento mais importante do que esse. Desse modo, eles têm obtido uma educação valiosa para a utilidade em campos missionários. A isso é acrescentado o conhecimento de como tratar os doentes e cuidar dos feridos. Essa formação para o trabalho médico-missionário é um dos objetivos mais grandiosos para os quais qualquer escola possa ser estabelecida. 150 | Estudos em Educação Cristã A Necessidade de um Sanatório Há muitos sofrendo de doenças e ferimentos que, ao sentirem alí- vio da dor, estarão preparados para ouvir a verdade. Nosso Salvador era Alguém que curava poderosamente. Em Seu nome, muitos milagres podem ser operados no Sul dos Estados Unidos e em outros campos por intermédio de médicos missionários capacitados. É essencial que haja um sanatório junto à escola de Madison. A obra educacional da escola e do sanatório podem avançar de mãos dadas. A instrução dada na escola beneficiará os pacientes, e a instrução dada aos pacientes do sanatório será uma bênção para a escola. O Valor de uma Educação Completa A qualidade da educação ministrada em Madison é tão elevada que será considerada um tesouro de grande valor para aqueles que se envolverem com a obra missionária em campos estrangeiros. Se muitos mais em outras escolas estivessem recebendo uma formação semelhante, nós, como povo, seríamos um espetáculo para o mundo, aos anjos e aos homens. A mensagem seria levada rapidamente a todos os países, e almas que hoje estão em trevas seriam trazidas para a luz. Teria sido do agrado de Deus que, enquanto a escola de Madison continua a cumprir sua obra, outras escolas semelhantes tivessem sido fundadas em diferentes partes do Sul. Há muita terra desperdiçada nessa região que poderiam ter recebido melhorias, como tem sido o caso na área em torno da escola de Madison. Em breve chegará o tempo em que o povo de Deus, por causa da perseguição, será disperso em muitos países. Aqueles que têm recebido uma educação integral estarão em grande vantagem onde quer que se encontrarem. O Senhor revela sabedoria divina em assim conduzir Seu povo para que treinem todas as suas faculdades e capacidades para a obra de espalhar a verdade. Um Chamado à Negação do Eu Deve-se pensar em todos os meios possíveis para fundar escolas como a de Madison em várias partes do Sul; e aqueles que dedicarem seus recursos Apêndice B – Apelo em Prol da Escola de Madison | 151 e sua influência para auxiliar nessa obra estarão ajudando a causa de Deus. Fui instruída a dizer àqueles que têm meios de sobra: Ajudem o trabalho em Madison. Vocês não têm tempo a perder. Satanás logo se levantará para criar impedimentos. Que a obra siga em frente enquanto é possível. Fortaleçamos este grupo de educadores para que continuem a boa obra na qual se encontram envolvidos, e trabalhemos a fim de encorajar outros a realizar trabalho semelhante. Então a luz da verdade será levada adiante de maneira simples e eficaz, e uma grande obra será efetuada para o Mestre num breve período de tempo. Quando o Senhor favorece algum de Seus servos com vantagens materiais, é para que as usem em benefício dos outros. Devemos aprender a ficar contentes com roupa e alimentação simples, a fim de economizar tais recursos e investir na obra do evangelho. Nossa falta de negação do eu, nossa recusa em ver as necessidades da causa neste tempo, e de responder a elas, clamam por arrependimento e humilhação diante de Deus. É pecado alguém que conheça a verdade divina cruzar os braços e deixar a obra que lhe cabe para outro fazer. O evangelho de Cristo exige consagração completa. Que os membros de nossas igrejas se levantem para cumprir suas responsabilidades e seus privilégios. Que gastem menos em autoindulgência e adornos desnecessários. O dinheiro assim despendido pertence ao Senhor e é necessário para a realização de uma obra sagrada em Sua causa. Eduquem as crianças para que façam trabalho missionário e levem suas ofertas a Deus. Despertemos para o caráter espiritual da obra na qual estamos envolvidos. Não há tempo para a fraqueza fazer parte de nossa experiência. A Obra em Madison Não Deve Ser Impedida Os obreiros em Madison idealizaram, planejaram e se sacrificaram para conduzir a escola ali segundo diretrizes corretas, mas a obra tem sido grandemente adiada. O Senhor guiou na escolha da fazenda em Madison, e deseja que ela seja administrada da maneira certa a fim de que outros, aprendendo com os obreiros ali, realizem trabalho semelhante e o conduzam de forma parecida. Na obra realizada na escola de treinamento em Madison, Tennessee, para a formação de professores missionários tanto neste país quanto em 152 | Estudos em Educação Cristã terras estrangeiras, e nas pequenas escolas fundadas pelos professores que saíram de Madison, temos uma ilustração de uma maneira como a mensagem deveria ser levada a muitos, muitos lugares. Os irmãos Sutherland e Magan deveriam ser incentivados a solicitar meios para o custeio de seu trabalho. É privilégio desses irmãos receber doações de qualquer pessoa a quem o Senhor impressionar para ajudar. Eles devem ter recursos— os recursos de Deus para o avanço do trabalho. O empreendimento em Madison foi prejudicado no passado, mas agora ele deve ir avante. Se essa obra houvesse sido considerada sob a luz correta e recebido a ajuda necessária, já há muito tempo teríamos presenciado um trabalho próspero em Madison. Nosso povo deve ser encorajado a doar de seus recursos para essa obra que está preparando alunos de maneira sensata e digna para ir a campos negligenciados e proclamar o breve retorno de Cristo. Agora está sendo construído um modesto sanatório e um prédio escolar mais confortável. São obras necessárias para continuar de maneira correta o trabalho de educação. No passado, os irmãos Sutherland e Magan usaram tato e habilidade a fim de angariar recursos para o bem da causa como um todo. Agora chegou o momento de esses obreiros fiéis receberem de seus irmãos, mordomos do Senhor, os meios de que necessitam para continuar com sucesso o trabalho na escola de Madison e em seu pequeno sanatório. Eu apelo aos irmãos a quem o Senhor confiou o talento dos recursos: Será que vocês não irão ajudar os obreiros em Madison, que foram instrumentais em obter recursos para tantos empreendimentos? Como mensageira do Senhor, rogo-lhes que ajudem a escola de Madison agora. Este é o momento em que ela precisa. O dinheiro que vocês possuem é o capital que foi confiado pelo Senhor. Ele deveria ser entregue com prontidão para responder aos apelos em lugares onde o Senhor precisa dele. As necessidades da escola de Madison requerem ajuda imediata. Irmãos, labutem enquanto ainda é dia; pois logo vem a noite na qual ninguém poderá trabalhar. 25 de maio de 1908. Ellen G. White Apêndice C – O Trabalho da Escola de Madison Ellen G. White 1908 Na obra realizada na escola de treinamento em Madison, Tennessee, para a formação de professores missionários tanto neste país quanto em terras estrangeiras, e nas pequenas escolas fundadas pelos professores que saíram de Madison, temos uma ilustração de uma maneira como a mensagem deveria ser levada. Eu diria aos obreiros ali: Continuem a aprender de Cristo. Não fiquem desanimados. Sejam livres no Senhor. Sejam livres. Muito trabalho aceitável tem sido feito em Madison. O Senhor lhes diz: Sigam avante. A escola de vocês deve ser um exemplo de como o estudo da Bíblia, uma educação geral, a educação física e a obra hospitalar podem se unir em muitas escolas menores que serão estabelecidas com simplicidade em muitos lugares nos Estados do sul. Meus irmãos que ocupam cargos de responsabilidade, não fiquem se lamentando sobre a obra que está sendo feita em Madison para preparar obreiros para sair pelos caminhos e atalhos. É da vontade de Deus que este trabalho seja feito. Vamos parar de criticar os servos de Deus, e vamos humilhar nosso próprio coração diante do Senhor. Vamos fortalecer esses irmãos para que continuem a boa obra em que se encontram envolvidos, e trabalhar para animar outros a fazer obra semelhante. Assim, a luz da verdade será levada de modo simples e eficaz, e uma grande obra será realizada para o Mestre num curto período de tempo. Quando o Senhor favorece algum de Seus servos com vantagens materiais, é para que as usem em benefício da obra. Como colaboradores de Deus, os homens devem ter sempre em mente a necessidade de dar a mensagem do breve retorno de Cristo às pessoas que não foram advertidas. Nessa obra, não dependemos unicamente da inteligência humana, pois os anjos de Deus estão à espera para nos encorajar numa vida de paciência e renúncia própria. Devemos aprender a nos contentar com ali- 154 | Estudos em Educação Cristã mento e vestuário simples, para fazermos muita economia a ser investida na obra do evangelho. O evangelho de Cristo exige consagração completa. O semeador cristão deve sair a semear. Muitos, porém, devido a lamúrias e contendas, estão se desqualificando para o trabalho. Seus sentidos indolentes não discernem o quanto seus esforços são débeis, e forte a sua incredulidade. Que os membros de nossa igreja se levantem agora e vivam à altura de suas responsabilidades e privilégios. Que gastem menos com a autoindulgência e com adornos desnecessários. O dinheiro gasto dessa forma pertence ao Senhor e é necessário para que se faça uma obra sagrada em Sua causa. Eduquem as crianças a fazer trabalho missionário e a trazer suas ofertas a Deus. Vamos nos despertar para nossa necessidade de renunciar o eu. Vamos nos despertar no sentido de ter um senso do caráter espiritual da obra na qual professamos estar envolvidos. Eu disse apenas um pouco comparado com o que poderia ser dito sobre esse assunto. Apelo, porém, a nossos ministros, professores e médicos que despertem do sono e percebam as oportunidades de trabalho que estão ao alcance deles, mas que, por anos, eles têm permitido ficarem desperdiçadas. Nossa falta de altruísmo, nossa recusa em enxergar as necessidades da causa no tempo presente, e reagir a elas, requerem arrependimento e humilhação do coração diante de Deus. É um pecado alguém que conhece a verdade de Deus cruzar os braços e transferir seu dever a outro. É um pecado quando uma pessoa critica e aponta faltas naqueles que, em seu próprio modo de trabalhar, não procedem exatamente conforme sua maneira de pensar. Que ninguém culpe ou censure os homens que estão trabalhando em Madison. Em vez de se queixarem do trabalho que seus irmãos estão realizando, assumam o trabalho por vocês mesmos negligenciado. Em vez de ficarem caçando defeitos no caráter de seu irmão, sondem o próprio coração, confessem o pecado de vocês e ajam honestamente para com Deus. Que o eu se sinta condenado pelo trabalho que está por fazer ao redor de vocês. Em vez de colocar obstáculos no caminho daqueles que estão tentando realizar algo no Sul, que nossos olhos se abram para ver que o tempo está passando e que há muito para vocês fazerem. O Senhor opera por meio de uma variedade de instrumentos. Se encontrarmos aqueles que desejam se adentrar em novos campos e assumir novas linhas de trabalho, animem-nos a assim proceder. Os adven- Apêndice C – O Trabalho da Escola de Madison | 155 tistas do sétimo dia estão realizando uma grande e boa obra. Que mão alguma se erga para impedir seu irmão. Os que já tiveram alguma experiência na obra de Deus deveriam ser incentivados a seguir a orientação e o conselho do Senhor. Não fiquem preocupados com o receio de que alguns recursos sejam dirigidos diretamente àqueles que estão procurando realizar a obra missionária de modo discreto e eficaz. Os recursos, como um todo, não devem ser controlados por uma única agência ou organização. Há muita negociação a ser feita conscienciosamente em favor da causa de Deus. Deve-se procurar ajuda de toda fonte possível. Há pessoas que conseguem realizar o trabalho de angariar recursos para a causa. Quando elas estiverem agindo de forma conscienciosa e em harmonia com os conselhos de seus colegas no campo que representam, não se deve permitir que a mão da repressão se interponha em seu caminho. Essas pessoas certamente são colaboradoras dAquele que deu Sua vida para a salvação de almas. Os irmãos Sutherland e Magan deveriam ser encorajados a solicitar recursos para a manutenção de sua obra. É privilégio desses irmãos receber doações de qualquer pessoa dentre nosso povo a quem o Senhor impressionar para oferecer ajuda. Eles devem ter recursos — os recursos de Deus — com os quais trabalhar. O empreendimento de Madison ficou paralisado no passado, mas agora ele deve ir avante. Se essa obra tivesse sido considerada sob a luz correta, e recebido a ajuda de que precisava, há muito tempo teríamos presenciado uma próspera obra em Madison. Nosso povo deve ser incentivado a doar de seus recursos para essa obra que está preparando alunos de forma sensata e digna para penetrarem campos negligenciados e anunciarem o breve retorno de Cristo. O Senhor dirigiu os irmãos Sutherland e Magan, homens de sólidos princípios, para estabelecerem uma obra no Sul. Eles idealizaram planos e se sacrificaram a fim de levar avante a obra segundo princípios corretos, mas o trabalho tem sido grandemente adiado. O Senhor guiou Seus servos na escolha da fazenda em Madison, e é Seu desejo que ela seja administrada com métodos adequados de maneira que outros, ao aprenderem com os obreiros ali, possam assumir trabalho semelhante e conduzi-lo de forma parecida. Os irmãos Sutherland e Magan são instrumentos escolhidos por Deus e fiéis, e o Senhor dos Céus diz a respeito deles: Eu tenho uma obra especial para que esses homens façam em Madison — uma obra 156 | Estudos em Educação Cristã de educar e treinar rapazes e moças para os campos missionários. O Espí- rito do Senhor estará com seus obreiros se andarem humildemente diante dEle. Ele não havia limitado ou restringido os esforços desses homens abnegados e dispostos a se sacrificar. Àqueles em nossas Associações que julgaram ter autoridade de proibir a arrecadação de recursos em determinado território, tenho o seguinte a dizer: Esse assunto tem sido apresentado a mim repetidas vezes. Dou agora meu testemunho, no nome do Senhor, a quem ele se aplica. Onde quer que vocês estiverem, parem com tais proibições. A obra de Deus não dever ser algemada dessa forma. Deus está recebendo um serviço fiel por parte desses homens a quem vocês estão vigiando e criticando. Eles temem e honram o Senhor. Eles são colaboradores dEle. Deus proíbe que vocês ponham qualquer jugo sobre o pescoço de seus servos. É privilégio desses obreiros aceitar doações ou empréstimos e investi-los para que sejam de ajuda na realização de um importante trabalho que muito precisa ser feito. Esse extraordinário fardo de responsabilidade que alguns supõem ter sido colocado por Deus sobre eles, ao tomarem suas posições oficiais, nunca foi colocado sobre seus ombros. Se os homens permanecessem livres sobre a elevada plataforma da verdade, eles nunca aceitariam a responsabilidade de estabelecer normas e regulamentos que impedem e paralisam os obreiros escolhidos de Deus em seu trabalho de treinamento de missionários. Quando eles aprenderem a lição de que “vós todos sois irmãos” [Mateus 23:8], e se derem conta de que seus colegas podem saber, tanto quanto eles, como usar da maneira mais sábia possível os talentos e capacidades que lhes foram confiados, eles removerão os jugos que no momento estão estorvando seus irmãos, e lhes darão crédito por terem amor pelas almas e um desejo de trabalhar com altruísmo para promover os interesses da causa. Apêndice D – Palavras de Encorajamento para Obreiros de Sustento Próprio Ellen G. White 1909 [Relatório de uma fala da Sra. E. G. White aos professores e alunos do Instituto Agrícola e Normal de Nashville em Madison, Tennessee, em 26 de abril de 1909.] Escolas para os Caminhos e Atalhos Sinto-me muito feliz pela oportunidade de falar a todos vocês que se encontram diante de mim nesta ocasião, num campo onde há um amplo trabalho que ainda necessita ser feito. Em todos esses campos não penetrados, esforços especiais devem ser empreendidos. Ao trabalhar em prol dos não alcançados, devemos tentar “compeli-los a entrar”. Por quê? Porque são almas que estão em risco. Há uma mensagem a ser levada a essas almas, e os que se encontram nos caminhos e atalhos devem ouvir a Palavra da vida. Muitos anos atrás, em outra visita ao Sul, enquanto fazíamos longas jornadas, eu às vezes perguntava quem morava nas casas pelas quais passá- vamos, e descobri que, em muitas das grandes casas do Sul, vivem homens sob cuja responsabilidade está o cuidado das grandes propriedades. Ao indagar um pouco mais, fiquei sabendo que ninguém havia tentado levar a Palavra da vida a esses homens. Ninguém tinha se aproximado deles, com a Bíblia nas mãos, e dito: “Temos algo precioso para vocês e queremos que ouçam”. Mas tem-me sido apresentado diversas vezes que essa é uma linha de trabalho que necessita ser realizada. Devemos sair pelos caminhos e atalhos e levar às pessoas a mensagem da verdade que Cristo nos concedeu. Precisamos compelir muitos a entrar. 158 | Estudos em Educação Cristã Cristo tinha muito em mente quando declarou: “Sai pelos caminhos e atalhos” [Lc 14:23]. Não negligenciem os caminhos. Levem a verdade para aqueles que estão nos caminhos. Também não deixem de lado os que se encontram nos atalhos. Além da obra que deve ser feita nas grandes cidades, há um trabalho a ser realizado pelos que se encontram espalhados por todas as regiões circunvizinhas. E como podemos alcançá-los? Um importante modo de realizar esta obra é por meio da fundação de pequenas escolas em comunidades carentes. Mesmo se houver apenas poucas pessoas em um lugar, deve-se pensar em algum meio de alcançá-las. Quando o espírito missionário se apoderar de homens e mulheres, jovens e idosos, veremos muitos indo pelos caminhos e atalhos, compelindo os honestos de coração a entrar. Alguns podem indagar: “Como os iremos compelir?” Deixem a verdade de Deus, em sua pureza e poder, ser colocada diante da consciência de agentes vivos, e que sejam ensinados sobre o caráter precioso dessa verdade. Que eles reconheçam que a Palavra da vida, a saber, o próprio Cristo, veio ao nosso mundo por causa do desejo de Deus de salvar a humanidade caída, pois “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. A Escola Madison Capacita Professores para as Escolas nas Montanhas e as Escolas Familiares Missionárias Cerca de cinco anos atrás, quando estávamos em busca de um lugar para fundar a escola de treinamento próxima a Nahsville, visitamos esta fazenda que depois foi adquirida; e eu me lembro de que, ao vermos o local pela primeira vez, planejamos percorrê-lo de carruagem, alguns numa direção e outros noutra, e pedimos que Deus impressionasse nossa mente e nos mostrasse se este era o local que Ele queria que escolhêssemos como centro de treinamento. Por um tempo, as perspectivas pareciam proibitivas; contudo, a fazenda foi comprada e a obra começou. O Senhor deseja que a influência desta escola seja amplamente estendida por meio da fundação de pequenas escolas missionárias em comunidades carentes nas montanhas, onde professores consagrados possam abrir as Escrituras para almas famintas e deixar a luz da vida brilhar para aqueles que se encontram em trevas. Apêndice D – Palavras de Encorajamento para Obreiros de Sustento Próprio | 159 Essa é justamente a obra que Cristo realizou. Ele viajava de um lugar para o outro e trabalhava pelas almas. E quem era Ele? Alguém igual ao Pai. O Senhor Jesus nos deixou um exemplo. Ao se envolverem na obra educacional nessas comunidades necessitadas, não permitam que ninguém os desanime, dizendo: “Por que você está desperdiçando seu tempo dessa maneira? Por que não fazer uma obra maior e mais importante num campo mais amplo?” É verdade que alguns devem planejar e esperar pelo tempo em que realizarão uma obra maior em resposta a um chamado geral; mas quem irá pelos caminhos? Quem entrará nos atalhos? Há pessoas cujo coração será tocado por Cristo, e elas verão a necessidade de entrar em partes ignoradas da vinha. Eles se alegrarão em abrir a Bíblia para pessoas que estão em trevas e não entendem a verdade. É exatamente essa a obra que precisa ser feita. Que todos nós permaneçamos fiéis em nosso posto de dever no lugar a que fomos chamados. E se houver aqueles que o Senhor está tocando para que se entreguem a partes negligenciadas da vinha, que ninguém os desvie da obra que lhes foi designada. Se aqueles que conhecem a verdade escondem dos outros a grande luz que brilhou em seu coração, precisarão prestar contas por terem negligenciado seu dever. Sentimos profundo interesse por essas escolas. Há um vasto campo a nossa frente na fundação de escolas missionárias familiares. Que aqueles que sentem o peso das almas sobre si saiam de casa em casa, ensinando às pessoas preceito sobre preceito, um pouco aqui, um pouco ali, conduzindo-as pouco a pouco à plena luz da verdade bíblica. É isso que tínhamos de fazer nos primeiros dias de nossa mensagem. À medida que esforços sinceros forem colocados em prática, o Senhor fará com que Sua bênção repouse sobre os obreiros e sobre aqueles que buscam o entendimento da verdade conforme se encontra na Palavra de Deus. Há verdades preciosas, gloriosas verdades, na Palavra de Deus, e é nosso privilégio levá-las ao povo. Nessas partes da seara, onde muitos não podem comparecer a reuniões distantes de seus lares, podemos levar-lhes a mensagem pessoalmente e trabalhar com eles em simplicidade. Lugar para Jovens e Velhos no Campo do Sul dos Estados Unidos No preparo para a vinda do nosso Senhor, devemos realizar uma vasta obra nas grandes cidades. Temos um testemunho solene a apresentar nesses grandes centros. Mas em nosso planejamento para a ampliação da 160 | Estudos em Educação Cristã obra, deve-se abranger muito mais do que apenas as cidades. Em lugares afastados, há muitas e muitas famílias que necessitam ser atendidas para descobrir se elas compreendem a obra que Jesus está fazendo por Seu povo. Aqueles que estão nos caminhos não devem ser negligenciados, nem os que se encontram nos atalhos; e ao viajarmos de um lugar para o outro e passarmos diante das casas, devemos nos perguntar com frequência: “As pessoas que moram nestes lugares já ouviram a mensagem? A verdade da Palavra de Deus chegou a seus ouvidos? Entendem que o fim de todas as coisas está às portas e que o juízo de Deus é iminente? Elas se dão conta de que cada alma foi comprada por um preço infinito?” Ao meditar nessas coisas, meu coração sente profundo anseio por ver a verdade sendo levada em sua simplicidade aos lares dessas pessoas nos caminhos e nos locais afastados dos grandes centros populacionais. Não devemos esperar que os mais talentosos obreiros preparem o caminho e nos mostrem como trabalhar; em vez disso, quer jovens quer velhos, temos o privilégio de compreender a verdade como é em Jesus; e, ao vermos pessoas que não têm o conforto da graça de Deus, é nosso privilégio visitá-las e familiarizá-las com o amor de Deus por elas e com a maravilhosa provisão feita pela salvação de sua alma. Nesse trabalho pelos caminhos e atalhos, há sérias dificuldades a ser enfrentadas e superadas. O obreiro, ao buscar as almas, não deve temer, nem desanimar, pois Deus é seu ajudador e continuará a sê-lo. Ele abrirá o caminho à frente de Seus servos. Estamos felizes, muito felizes, pelas evidências de prosperidade que acompanham a obra aqui em Madison. A todos os reunidos neste Instituto, digo: “Examinai as Escrituras”. Se vocês não compreendem plenamente o momento em que vivem e a proximidade do fim, busquem adquirir uma percepção mais completa dessas coisas examinando as Escrituras. Há uma obra a ser realizada em todos os lugares. Devemos procurar captar o espírito da mensagem. Deveria Haver Escolas para os Negros, Assim como Escolas nas Montanhas Há pessoas negras que necessitam ser salvas. Ontem tive o privilégio de falar a um grupo de negros reunidos em sua pequena igreja em Apêndice D – Palavras de Encorajamento para Obreiros de Sustento Próprio | 161 Nashville. Um agradável grupo de negros ouviu com assinalada atenção às palavras apresentadas. Essas pessoas não escolheram a própria cor. Não são responsáveis pelo fato de não serem brancas; e que tolice os seres humanos, todos eles dependentes para cada fôlego que inspiram, sentirem que não têm obrigação nenhuma em relação aos negros. Temos um dever a realizar em favor deles, e, no temor do Senhor, desejamos desempenhar esse dever abrindo todos os caminhos possíveis para que eles ouçam a terceira mensagem angélica e se preparem para proclamar a verdade a sua própria raça. Você conhece uma alma que precisa ser salva? Cristo morreu por essa alma, e o seu trabalho é aprender como alcançar o coração dessa pessoa e apontá-la para o Salvador. Em Atos, lemos a história de Filipe e do eunuco. Um etíope estava voltando para casa depois de visitar Jerusalém e estudando as Escrituras, quando Filipe apareceu diante dele e perguntou: “Compreendes o que vens lendo?” O relato informa que não; então Filipe subiu até a carruagem dele, sentou-se ao lado do eunuco e abriu as Escrituras para que ele compreendesse. O etíope se deleitou com a verdade. Com o coração e a mente iluminados, ele creu na mensagem que ouviu. Enquanto prosseguiam na jornada, passaram por um lugar onde havia água; e “disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que seja eu batizado?” Filipe respondeu: “É lícito, se crês de todo o coração”. O nobre declarou: “Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”. Ao ouvir essa afirmação, Filipe imediatamente desceu com o eunuco nas águas e ali o batizou. Filipe partiu imediatamente, visto que havia recebido uma mensagem de ir para outro lugar. O eunuco “foi seguindo o seu caminho, cheio de júbilo”, crendo nas verdades da Palavra de Deus. Quando o coração humano é suscetível à influência do Espírito Santo de Deus, o Senhor pode realizar uma obra poderosa por intermédio de Seus servos. Ele é capaz de levá-los a se encontrar com homens e mulheres que necessitam de auxílio e encorajamento. Em todos os lugares, é possível encontrar almas ansiando pela ajuda que podemos lhes dar. E ao organizar nosso trabalho a fim de atender a essa necessidade, não podemos perder de vista as partes negligenciadas da vinha. Há pessoas que podem dizer que é um desperdício de tempo e dinheiro que moças e rapazes fortes saiam para trabalhar nessas montanhas e lugares remotos. Alguns argumentam 162 | Estudos em Educação Cristã que não podemos nos dar ao luxo de permitir que jovens de talento se envolvam nessa linha de trabalho. “Não podemos nos dar ao luxo!” Se houver apenas uma alma a ser salva, ela é mais preciosa do que toda a riqueza do mundo reunida. Hillcrest, uma Escola de Treinamento para os Obreiros Negros Agradeçamos a Deus pela existência da escola agrícola para os negros perto de Nashville. Antes de ontem, tive o privilégio de visitar a escola de Hillcrest e ver as pequenas casas que eles estão construindo para a acomodação de alguns alunos. Recentemente, uma irmã enviou dinheiro suficiente para a construção de um pequeno e modesto chalé. Nessa doação, os administradores da escola viram a evidência do favor de Deus. De fato, o Senhor está tocando o coração do Seu povo e levando-o a ajudar na fundação de centros de treinamento para a educação dos jovens negros a fim de que trabalhem junto à própria raça. Hillcrest é uma bela propriedade e dá oportunidade para que muitos recebam a capacitação para o serviço. Sejamos gratos a Deus por isso e não nos desanimemos. O irmão Staines e seus colaboradores estão envolvidos numa boa obra. Creio que o Senhor os está dirigindo e os abençoará para que realizem com zelo aquilo a que se propuseram. Peço ao Senhor que mova a mente de Seu povo para assumir essa obra e ajudá-la a ir avante. Não devemos permitir que críticas e movimentos sem sabedoria da parte de alguns irmãos desanimem os obreiros e impeçam a obra. Assim como o Senhor dirigiu o irmão Staines a assumir esse trabalho, outros serão conduzidos, em vários lugares, a ajudar. Homens em diferentes partes do campo, atuando como obreiros de Deus, irão em busca de jovens negros promissores e os incentivarão a estudar nessa escola. E eles ajudarão a providenciar um prédio adequado com salas de aula. No passado, os negros foram terrivelmente negligenciados. Está chegando o tempo em que não conseguiremos lhes transmitir a mensagem com facilidade. Serão colocadas tantas restrições a sua volta que será quase impossível alcançá-los; mas este não é o caso no presente, e podemos ir a muitos lugares onde há pessoas negras e abrir as Escrituras para que entendam, levando-as a aceitar as verdades da Palavra de Deus. Cristo impressionará o coração delas. Apêndice D – Palavras de Encorajamento para Obreiros de Sustento Próprio | 163 Alguns Não Veem a Necessidade de Escolas Rurais Existem alguns dentre nós que estão na verdade há anos e nunca sentiram a necessidade de trabalhar nos caminhos e atalhos. Todos esses devem buscar converter novamente o coração, procurando iluminação divina para que possam discernir as necessidades de um mundo prestes a morrer. Cristo veio buscar e salvar o que se havia perdido. Ele viajava a pé. Não se assentava em confortáveis veículos. Não havia estradas de ferro nem outros meios de transporte modernos em sua época. Sabe-se que ele caminhava e que multidões se uniam a Ele enquanto andava. Ao longo do caminho, em viagem, ele abria as Escrituras para o entendimento de Seus seguidores. Ele repetia constantemente para eles as palavras da vida. As multidões que se aglomeravam em torno de seus passos se encantavam com os princípios que emanavam de Seus discursos. Quando vocês saírem para os caminhos e atalhos, não permitam que nenhum ministro do evangelho lhes diga: “Por que estão fazendo isso?” Temos como exemplo o ministério de Cristo nesta Terra. Devemos tirar as coberturas que ocultam nossa luz dos outros e deixar que ela brilhe em meio à escuridão moral. “Porque de Deus somos cooperadores”. Os que esperam usar afinal a coroa da vida devem, nesta vida, ser portadores de luz. Não Digam: “Não Temos Condições de Trabalhar num Sistema de Sustento Próprio” Quando visitei Madison pela primeira vez, cerca de cinco anos atrás, e olhei para a propriedade desta escola, disse àqueles que estavam comigo que ela tinha uma aparência semelhante a um dos lugares que me haviam sido apresentados em visão durante a noite — um local onde nosso povo teria a oportunidade de apresentar a luz da verdade para aqueles que nunca haviam ouvido a última mensagem do evangelho. ... Fico feliz porque nosso povo se estabeleceu aqui em Madison. Estou contente por conhecer estes obreiros aqui que se voluntariam para ir a diferentes lugares. A obra de Deus deve avançar com constância; sua verdade deve triunfar. Para todo cristão, dizemos: que ninguém impeça seu caminho! Não digam: “Não temos condições de trabalhar em um campo pouco habitado, e, em grande parte, mediante um sistema de sustento próprio, quando no mundo afora há grandes campos onde poderíamos 164 | Estudos em Educação Cristã alcançar multidões”. E que ninguém diga: “Não podemos nos dar ao luxo de sustentar vocês nesse esforço de trabalhar nesses lugares remotos. O quê? Não podemos nos dar ao luxo!? O luxo a que vocês não podem se dar é deixar de trabalhar nesses locais isolados; e se negligenciarem tais campos, chegará o tempo em que desejarão que tivessem se dado a esse luxo. Há um mundo a ser salvo. Que alguns de nossos professores consagrados saiam para os caminhos e atalhos, e obriguem os honestos de coração a entrar — não por força física. Oh, não! Mas pelo peso das evidências apresentadas na Palavra de Deus. Que nenhuma alma viva — homem, mulher ou criança — descanse em satisfeito egoísmo com o conhecimento da verdade. Há homens e mulheres de coração honesto nas montanhas que precisam receber a mensagem de advertência. Há aqueles que não têm o privilégio de ouvir a verdade apresentada nas grandes assembleias; esses precisam ser alcançados pelo esforço pessoal. Há Lugar para Todos na Obra Cada um de nós tem uma obra a realizar para Deus, qualquer que seja nossa ocupação. Os que estão nas fazendas não devem pensar que é desperdício de tempo planejar sair e visitar os vizinhos, apresentando a eles a luz da verdade para este momento; pois, mesmo que pareça difícil deixar o trabalho da fazenda, não perderemos, todavia, financeiramente por gastar tempo ajudando os outros. Há um Deus no Céu que abençoará nossos labores. A todo homem — e a toda mulher — Ele deu uma obra a fazer. Podemos cooperar com Cristo mostrando aos outros o que significa buscar a vida eterna como a um tesouro escondido. Deus nos chamou para fazer esse tipo de trabalho: ir em busca dos pobres, necessitados e sofredores; estar atentos às necessidades daqueles que precisam de refrigério espiritual e estar sempre prontos a abrir as Escrituras às almas famintas. Não Deixem que Outros os Desanimem de Participar dessa Obra Alguns podem dizer: “Se eu me envolvesse nesse tipo de trabalho, alguns indivíduos ligados à igreja iriam me reprovar”. E se reprovassem? Cristo disse: “a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do Senhor será a tua retaguarda”. Não há encorajamento maior do que esse. Devemos buscar e salvar aqueles que estão dispostos a ser salvos. Precisamos levar Apêndice D – Palavras de Encorajamento para Obreiros de Sustento Próprio | 165 a verdade àqueles que desejam ouvi-la. Nossa própria alma deve estar repleta do amor pela verdade. E, ao realizarmos fielmente nossa parte, Cristo reconhecerá nossos esforços e acrescentará sua bênção assinalada. E, oh, que recompensa aguarda o ganhador de almas! Quando as portas da bela cidade do alto se abrirem com suas brilhantes dobradiças, e as nações que guardaram a verdade entrarem, coroas de glória serão colocadas em suas cabeças, e elas darão honra, glória e majestade a Deus. Nessa ocasião, alguns se aproximarão de vocês e dirão: “Se não fosse pelas palavras que você bondosamente me proferiu, se não fosse por suas lágrimas, súplicas e esforços ardentes, eu nunca estaria vendo o Rei em sua beleza”. Que recompensa será essa! Quão insignificante é o louvor de seres humanos nessa vida terrena e passageira, em comparação com as recompensas infinitas à espera dos fiéis na vida futura e imortal! A Fazenda como Meio de Sustento Vocês não veem que a glória do Senhor está atuando aqui em Madison? Vocês não devem falhar, nem desanimar. Tragam a suas casas os pobres que estão excluídos; transmitam a eles palavras de conforto. Sei que estão tentando realizar essa obra e creio que Deus continuará a abençoá- -los, e que Ele abençoará esta escola rural. Agradeçamos a Deus o privilégio de ser Seus portadores de luz. Esta bela fazenda em Madison é um meio de sustento, e não deve nos impedir de fazer a obra que Deus nos confiou. Ao tentarem estender a influência desta escola aos lugares carentes além daqui, vocês estão realizando justamente o trabalho que Deus deseja. Sua bênção estará sobre todos aqueles que procuram exaltar a verdade. Que nenhuma mão humana, seja de pastores, seja de leigos, se coloque sobre vocês com a declaração: “Vocês não podem ir este lugar, e nem devem ir para aquele lugar; não os sustentaremos se não forem conforme nosso chamado; ou se não se entregarem à obra de levar almas à verdade em determinado lugar designado por nós”. Deus os abençoará enquanto continuarem a buscar almas perdidas nos lugares isolados. A Recompensa daqueles que Trabalham nos Lugares Difíceis Àqueles que estão ligados a nossos vários empreendimentos educacionais aqui no Sul, digo: não permitam que nenhuma mão humana se coloque sobre vocês e diga: “Não podem fazer este trabalho; não devem 166 | Estudos em Educação Cristã gastar seu tempo dessa maneira”. Tempo! É o tempo de Deus, e temos o direito de trabalhar em prol dos necessitados e aflitos, sobretudo em favor dos negros. Se continuarmos a labutar com fé e humildade, Deus revelará que Sua justiça vai à nossa frente, e a glória do Senhor será nossa retaguarda. À medida que prosseguirmos em conhecer ao Senhor, aprenderemos que, como a alva, a Sua vinda é certa. Vocês já têm compreendido isso, desde que chegaram aqui, não é verdade? No início, vocês não tinham a luz brilhante do dia em todos os seus tons encorajadores; mas Deus está operando e continuará a operar. Perseverem no rumo humilde que vocês vêm trilhando, a fim de preparar o caminho para o Senhor atuar. Deus deseja que todo ser humano assuma sua missão no lugar que lhe foi designado, sem sentir que o trabalho é demasiadamente árduo. Ele está pronto para lhes conceder forças! Ele me deu forças em todo o caminho enquanto viajávamos para o leste. Deu-me forças para falar às pessoas enquanto visitávamos lugar após lugar. Em College View, Nebraska, preguei no sábado para duas mil pessoas. A glória do Senhor repousou sobre nós. Agora, meus caros amigos, quem serão os cooperadores de Deus? Quem aceitará carregar o fardo do serviço? Quem enxergará aqueles que estão distantes, passando por dificuldades, sem nenhum conhecimento da verdade? Quem os trará para dentro? Quem usará seus esforços para transformá-los em filhos e filhas de Deus? Quando vocês entrarem na cidade pelas portas e a coroa da vida for colocada sobre a fronte de vocês, e sobre a fronte das próprias pessoas por quem vocês trabalharam para salvar, eles se lançarão ao redor de seu pescoço e dirão: “Foi você que salvou minha alma! Eu teria perecido se você não tivesse me salvado de mim mesmo. Você precisou gastar um bom tempo, mas foi paciente comigo e me ganhou para um conhecimento da verdade”. E então, ao eles lançarem suas coroas aos pés de Jesus e tocarem as harpas de ouro que forem colocadas em suas mãos, unidos em louvor e glorificação ao Redentor, e perceberem que receberam a suprema bênção da vida eterna, haverá regozijo real. E, oh, que pensamento sublime reconhecer que fomos instrumentos, com o auxílio de Deus, para ajudar a mostrar o caminho da salvação para homens e mulheres enquanto vivemos nesta Terra! Apêndice D – Palavras de Encorajamento para Obreiros de Sustento Próprio | 167 Um Apelo para as Famílias Trabalharem no Sul Em conclusão, eu diria a todos: se vocês entregarem o coração a Deus, se, em humildade, assumirem a obra que lhes foi designada e permanecerem fiéis, um dia ouvirão as palavras: “Vinde, benditos de Meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. Será que essa recompensa não basta? Naquele mundo feliz não haverá mais tentação nem tristeza. Nesta vida terrena vocês têm sido cooperadores de Deus; e estão vivendo de tal modo que a justiça de vocês tem ido à frente e a glória do Senhor tem sido a sua retaguarda. Oh, que trabalhemos hoje, enquanto ainda temos oportunidade! Lutemos para conduzir almas à luz da verdade ao lhes abrir as Escrituras, orar com elas e apelar para que aceitem a Jesus como Salvador. E ao participarem dessa obra, Jesus é seu Ajudador, o mesmo Cristo que trilhou o caminho antes de nós e que nos deu a própria vida em nosso favor. Se fizermos sacrifícios à direita e à esquerda, se buscarmos ser cooperadores de Deus, sem o qual nada podemos fazer direito, teremos afinal a vida eterna que se mede pela vida eterna de Deus, sem a possibilidade de fracassar, sem Satanás para tentar e desviar, sem morte. Como anseio ver as famílias engajadas na obra de ganhar almas, tentando fazer sua luz brilhar em meio às trevas morais do mundo. Que Deus nos ajude, é minha oração. Instruções Recentes Acerca das Escolas no Sul Matérias a Ser Ensinadas Nessas Escolas Há um constante perigo entre nosso povo de que os que se envolvem com a obra em nossas escolas e sanatórios nutram a ideia de que devem se alinhar com o mundo, estudar as coisas que o mundo estuda e nos familiarizar com aquilo que o mundo se familiariza. Esse é um dos maiores erros que se pode cometer. Cometeremos graves erros a menos que dediquemos atenção especial ao estudo da Palavra. ... Fortes tentações sobrevirão a muitos que colocam os filhos em nossas escolas porque desejam que os jovens aprendam aquilo que o mundo considera a mais essencial educação. Quem sabe qual é a educação essencial, a menos que seja aquela obtida por meio do Livro que consiste no fundamento de todo conhecimento verdadeiro? Os que consideram essencial o 168 | Estudos em Educação Cristã conhecimento a ser alcançado nos moldes da educação mundana cometem um grave erro, que os levará a ser enredados por opiniões individuais humanas e errôneas. Àqueles que acham que seus filhos devem receber o que o mundo chama de educação essencial, eu diria: Levem seus filhos à simplicidade da Palavra de Deus, e eles estarão seguros. Seremos totalmente dispersos em pouco tempo e o que precisamos fazer deve ser feito rapidamente. Recebi luz de que será feita pressão tremenda sobre todos os adventistas do sétimo dia com quem o mundo conseguir estabelecer uma íntima conexão. Precisamos compreender essas coisas. Os que buscam a educação que o mundo tanto estima estão se afastando aos poucos para cada vez mais longe dos princípios da verdade, até se tornarem mundanos cultos. A que preço obtiveram sua educação! Eles se separaram do Espírito Santo de Deus. Escolheram aceitar aquilo que o mundo chama de conhecimento em lugar das verdades que Deus confiou aos seres humanos por meio de seus ministros, profetas e apóstolos. E há alguns que, depois de obter essa educação mundana, acham que podem introduzi-la em nossas escolas. Mas permita-me lhes dizer que vocês não devem pegar aquilo que o mundo chama de educação superior e trazer para nossas escolas, sanató- rios e igrejas. Falo com firmeza. Isso não deve ser feito. ... Se olharmos para o Senhor, Ele nos ajudará a entender o que constitui a verdadeira educação superior. Ela não é conquistada ao se submeter a um longo curso de estudos contínuos. Em cursos assim, a pessoa aprende algumas coisas valiosas e muitas que não são. O Senhor deseja que sejamos Seus cooperadores. Ele é nosso ajudador. Deus deseja que nos aproximemos dEle e aprendamos dEle com toda humildade de mente. ... Não considerem como algo absolutamente essencial a educação teórica (Instruções aos alunos e professores do Union College, maio de 1909). O ensino em nossas escolas não deve agora ser conduzido como o tem sido no passado, onde muitas coisas eram apresentadas como sendo essenciais, quando na verdade eram apenas de menor importância. A luz que me tem sido dada é de que os Mandamentos de Deus, a vontade do Senhor a respeito de cada indivíduo, deve constituir o principal estudo de cada estudante que deseje ser preparado para os graus superiores da escola lá do alto (Carta privada, janeiro de 1909). Apêndice D – Palavras de Encorajamento para Obreiros de Sustento Próprio | 169 Trabalho em Prol da Verdadeira Educação Superior Agora é nosso momento de trabalhar. O fim de todas as coisas está às portas. ... Por meio da palavra escrita e falada, labutem para afastar as falsas ideias que tomaram conta da mente das pessoas em relação à educação superior (Carta pessoal, junho de 1909). Não digo que não se deve empreender nenhum estudo sobre as línguas. Os idiomas devem ser aprendidos. Dentro de pouco tempo, haverá grande necessidade de muitos saírem do lar e irem trabalhar em meio a populações de outras línguas; e aqueles que têm algum conhecimento de idiomas estrangeiros serão capazes de se comunicar com quem não conhece a verdade. Alguns de nosso povo aprenderão a língua nos países para os quais forem enviados. Esse é o melhor caminho. E temos Aquele que permanecerá bem ao lado do obreiro fiel a fim de abrir o entendimento e dar sabedoria. Mesmo que vocês não saibam uma palavra em línguas estrangeiras, o Senhor pode tornar frutífero o trabalho de vocês (Instruções aos alunos e professores do Union College, maio de 1909). Devem Ser Fundadas Escolas Missionárias, Pois Elas Apressarão o Fim Todos os meios possíveis devem ser concebidos para fundar escolas semelhantes à de Madison em várias partes do Sul dos Estados Unidos. Aqueles que dedicam seus meios e sua influência pessoal para auxiliar nessa obra estão ajudando na causa de Deus. Fui instruída a dizer àqueles que têm recursos de sobra: auxiliem a obra em Madison. Vocês não têm tempo a perder. Satanás logo se levantará para criar obstáculos; que a obra siga em frente enquanto pode. Fortaleçamos esse grupo de educadores para que continuem a boa obra na qual se engajaram, e trabalhem para envolver outros em trabalho semelhante. Então a luz da verdade será levada adiante de maneira simples e eficaz, e uma grande obra será realizada pelo Mestre dentro de pouco tempo (An Appeal for the Madison School [Apelo pela Escola Madison]). Entrem nos Caminhos e Atalhos A luz é dada para que não tenhamos ansiedade especial em acumular demasiados interesses em uma só localidade; em vez disso, devemos pro- 170 | Estudos em Educação Cristã curar lugares em distritos remotos. ... As sementes da verdade devem ser lançadas em centros não cultivados. ... Enquanto grandes despesas são feitas para levar luz às pessoas de línguas estrangeiras, devemos estar igualmente atentos em alcançar, se possível, os estrangeiros e não convertidos de nossa própria terra. ... Há trabalho missionário a ser feito em muitos lugares não promissores. O espírito missionário deve tomar conta de nossa alma e nos inspirar a alcançar as classes por quem não havíamos planejado trabalhar, nos lugares e dos modos que não fazíamos ideia de que deveríamos trabalhar (Carta pessoal, outubro de 1908). Onde Estão os Trabalhadores desses Locais Carentes Os membros da igreja devem ser chamados ao trabalho. ... Fui instruída a dizer que os anjos de Deus direcionarão a abertura de novos campos tanto perto quanto longe. ... Deus conclama os fiéis a adquirir experiência no trabalho missionário entrando em novos territórios e trabalhando de maneira inteligente em prol das pessoas nos atalhos. ... O Senhor certamente está abrindo caminho para nós, como povo, para dividirmos e subdividirmos os grupos que crescem demais para trabalhar juntos e obter a melhor vantagem (Carta pessoal, outubro de 1908). Como Iniciar a Obra no Sul dos Estados Unidos Propriedades de distritos rurais serão colocadas à venda por um preço inferior a seu custo real porque os proprietários desejam desfrutar das vantagens da cidade, e são essas localidades rurais que desejamos adquirir para nossas escolas (Carta pessoal). Acerca da Obra no Sul [Trechos de palestras de E. G. White durante a assembleia da Associação Geral em Washington, D. C., em maio de 1909.] As Escolas nas Montanhas como Agências Evangelizadoras Em minha viagem a Washington, tive a experiência de passar não só pelos caminhos, mas também pelos atalhos. Vi parte da obra que está sendo realizada nas escolas missionárias próximas a Nashville. Pequenos Apêndice D – Palavras de Encorajamento para Obreiros de Sustento Próprio | 171 grupos de obreiros saem para as montanhas e trabalham em prol daqueles que não ouviram a mensagem. Aqui e ali, pequenos grupos de crentes se formam. Quem ousaria deter tais obreiros e dizer: “Vocês não devem trabalhar assim; custa caro demais”. Será que o preço se compara com o sacrifício que Cristo fez a fim de salvar as almas prestes a morrer? Irmãos e irmãs, rogo-lhes em nome de Jesus de Nazaré que tirem a luz de debaixo do alqueire e permitam que brilhe para que os outros se beneficiem. (Boletim da Associação Geral, 17 de maio de 1909). Deem Liberdade para as Escolas Cumprirem os Planos de Deus Temos nossas escolas. Elas devem ser administradas de tal maneira que formem missionários dispostos a ir pelos caminhos e atalhos para lançar as sementes da verdade. Essa foi a comissão deixada por Cristo a Seus seguidores. ... Não permitam que nenhum ser humano chegue agindo como governante arbitrário e diga: “Vocês não devem ir para este lugar, não devem ir para aquele lugar; vocês devem fazer isto e aquilo”. Temos uma obra grande e importante a cumprir, e Deus deseja que a abordemos com inteligência. Quando homens são colocados em posições de responsabilidade nas diversas Associações, eles não se tornam deuses. Ninguém tem sabedoria suficiente para agir sem conselho. Os homens precisam consultar seus irmãos, conversar juntos, orar juntos e planejar juntos para o avanço da obra. Que os obreiros se ajoelhem e orem a Deus, pedindo que Ele direcione seu caminho. Temos grave carência nesse ponto. Confiamos demais nos planos humanos. Não podemos dar-nos ao luxo de assim proceder. Estamos diante de tempos perigosos, e devemos chegar ao ponto de saber que o Senhor vive e governa, que ele habita no coração dos filhos dos homens. Devemos confiar em Deus. ... Há escolas que precisam ser fundadas em terras estrangeiras e em nosso próprio país. Devemos aprender de Deus como administrá-las. Elas não devem ser conduzidas como muitas têm sido. Nossas instituições devem ser vistas como instrumentos de Deus para o avanço de sua obra na Terra. Devemos buscar no Senhor orientação e sabedoria; devemos suplicar que Ele nos ensine a conduzir a obra de maneira sólida. Reconheçamos a Deus como nosso professor e guia, e então seremos capazes de conduzir o trabalho na direção correta. ... 172 | Estudos em Educação Cristã Em todas as nossas escolas, necessitamos da compreensão correta do que significa a educação essencial. As pessoas falam muito sobre educação superior, mas quem pode definir o que isso significa? A mais elevada educação se encontra na Palavra do Deus vivo. A educação que nos ensina a sujeitar a alma ao Senhor em toda humildade e nos capacita a ler a Palavra de Deus e simplesmente acreditar no que ela diz, esta é a educação de que mais precisamos. ... Se as pessoas não agirem em harmonia na vasta e grandiosa obra para este tempo, haverá confusão. Não é bom sinal quando homens e mulheres recusam unir-se a seus irmãos e preferem agir sozinhos. ... Em contrapartida, os líderes do povo de Deus devem se precaver do perigo de condenar os métodos de obreiros individuais que são conduzidos pelo Senhor a realizar uma obra especial que poucos estão aptos a fazer. Que os irmãos em posições de responsabilidade sejam tardios em criticar os movimentos que não se encontram em perfeita harmonia com seus métodos de trabalho. Que nunca suponham que todos os planos devem refletir a própria personalidade. Que não temam confiar nos métodos de outros; pois, ao se recusarem a confiar em um companheiro de obra que, com humildade e zelo consagrado, realiza uma obra especial da maneira conduzida por Deus, estão retardando o avanço da causa do Senhor. ... Deus pode usar e usará aqueles que não possuem uma educação completa nas escolas humanas. A dúvida no poder divino de fazê-lo é uma descrença evidente. Há centenas dentre nosso povo que deveriam estar no campo, mas pouco ou nada fazem para o avanço da mensagem (Boletim da Associação Geral, 31 de maio de 1909). A Educação que Deve Ser Oferecida em Nossas Escolas Muitos acreditam que, a fim de estarem capacitados para um serviço aceitável, devem concluir um longo curso ministrado por professores gabaritados em alguma escola do mundo. De fato, devem fazer isso caso desejem obter aquilo que o mundo chama de conhecimento essencial. Mas não dizemos para nossos jovens: “Vocês devem estudar e estudar, concentrando a mente o tempo inteiro nos livros”. Nem aconselhamos: “Passem o tempo inteiro adquirindo a suposta educação superior”. Precisamos nos fazer a seguinte pergunta: qual é o alvo da verdadeira educação superior? Não é que tenhamos um relacionamento correto com Deus? O teste de Apêndice D – Palavras de Encorajamento para Obreiros de Sustento Próprio | 173 toda educação deveria ser: está ela nos capacitando a manter a mente fixa no prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus? (Boletim da Associação Geral, 30 de maio de 1909, p. 214). O Treinamento Manual É Parte Necessária de Todos os Currículos Nossos jovens devem ser ensinados desde a infância a exercitar o corpo e a mente de maneira proporcional. Não é sábio enviar as crianças para escolas onde serão submetidas a longas horas de confinamento, e onde não obterão nenhum conhecimento sobre o que significa uma vida saudável. Coloquem-nas sob a tutoria daqueles que respeitam o corpo e o tratam com consideração. Não deixem seus filhos em posição desfavorável, na qual não poderão receber a capacitação que lhes permitirá suportar provas e aflições. ... Os estudantes não deveriam falar de suas conquistas na suposta educação superior se não aprenderam a comer e beber para a glória de Deus, a exercitar o cérebro, ossos e músculos a fim de prepará-los para o mais elevado serviço possível. Todo o ser deve ser exercitado a fim de garantir uma condição mental saudável; as faculdades mentais e físicas devem ser usadas de maneira proporcional. ... Àqueles que desejam ser obreiros eficientes na causa de Deus, eu diria: Se vocês estão colocando peso demasiado de trabalho sobre o cérebro, pensando que ficarão em desvantagem, a menos que estudem o tempo inteiro, seria melhor se mudassem seu modo de pensar e o rumo de suas ações. A menos que seja exercido maior cuidado a esse respeito, muitos descerão à sepultura antes da hora. Vocês não podem permitir que isso aconteça, pois há um mundo que necessita ser salvo. ... Em toda e qualquer parte, a verdade deve transparecer em seu poder glorioso e em sua simplicidade. Não se gloriem naquilo que sabem, mas levem sua situação a Deus. Digam a Ele: eu aceito as condições. (Boletim da Associação Geral, 30 de maio de 1909, p. 214). Frases Incisivas de Testemunhos Mais Antigos “No futuro, homens das ocupações mais simples da vida serão impressionados pelo Espírito do Senhor a deixar seu emprego comum e 174 | Estudos em Educação Cristã a sair para proclamar a última mensagem de misericórdia. Eles devem ser preparados para o trabalho o mais rapidamente possível, a fim de que o sucesso coroe seus esforços”. “Muito poderia ser feito no Sul pelos membros leigos da igreja, por pessoas de educação limitada. Há homens, mulheres e crianças que precisam aprender a ler”. “O número de missionários no Sul não deveria se multiplicar? Não ouviremos a voz de muitos voluntários prontos para entrar nesse campo?” “A igreja inteira precisa estar imbuída do espírito missionário; então haverá muitos dispostos a trabalhar abnegadamente de todas as maneiras que puderem, sem ser assalariados”. “Necessitamos de escolas que se autossustentem, e isso pode acontecer se os professores forem úteis, laboriosos e econômicos”. “Devem ser fundadas escolas afastadas das cidades, onde os jovens aprendam a cultivar o solo, dessa forma ajudando a si próprios e a escola a se automanter. ... Que recursos sejam angariados para o estabelecimento de tais instituições”. “Há uma obra que deve ser realizada no Sul, e ela necessita de homens e mulheres que sejam mais professores do que pregadores — pessoas humildes que não tenham medo de trabalhar como fazendeiros para ensinar os sulistas a como lavrar o solo, pois tanto brancos quanto negros necessitam ser instruídos nessa área”. “Há lições da mais alta importância a ser aprendidas da Palavra de Deus. Esse grande Livro nos está aberto para que nossos jovens sejam educados à semelhança dos filhos dos profetas. Como povo, deveríamos levar avante a obra de educação de nossos jovens de tal maneira que eles se protejam de uma vida de condescendência com o eu”. “Foi-me mostrado que, em nossa obra educacional, não devemos seguir os métodos que foram adotados em nossas escolas mais antigas. Há entre nós muito apego a antigos costumes e, por causa disso, estamos muito aquém de onde deveríamos estar na proclamação da mensagem do terceiro anjo”. “Anos se passaram para a eternidade, com pequenos resultados, que poderiam ter testemunhado a realização de uma grande obra”. “O serviço útil aprendido nas escolas rurais é a educação mais essencial para aqueles enviados como missionários aos muitos campos estrangeiros”. Apêndice D – Palavras de Encorajamento para Obreiros de Sustento Próprio | 175 “Tem havido assinalado fracasso em cumprir os mandatos de Deus no campo do Sul. Precisamos pedir ao Senhor que nos dê entendimento a fim de vermos nossas carências, percebermos a situação no Sul e a necessidade de fazer a obra missionária que se encontra bem em nossas mãos”. “Por vinte anos, tem sido apresentado ao nosso povo que ele deve realizar uma obra especial nos Estados do Sul. Quando o Senhor manda insistentemente mensagens a Seu povo, é porque deseja que siga a luz que Ele está concedendo”. “Não devemos continuar trabalhando nos mesmos lugares vez após vez, deixando tantos outros onde a última mensagem de advertência ainda não foi proclamada. ... Mênfis, Nova Orleans e outras cidades do Sul clamam por obreiros cheios do poder do Espírito”. “Como povo, ainda precisamos aprender o que é cumprir nosso papel como missionários em meio a um povo que não conhece a verdade para este tempo”. “Recebi palavras de encorajamento para nossos obreiros em Madison, que tentam oferecer aos alunos uma educação prática, consolidando-os nos princípios de nossa fé. Os estudantes estão aprendendo a lavrar o solo e a construir casas simples e modestas. E eles são incentivados a sair e fundar outras escolas industriais nas quais poderão, por sua vez, ensinar seus alunos a plantar e a construir”. 176 | Estudos em Educação Cristã Apêndice E – Carta de A. W. Spalding [Cópia da Carta de A. W. Spalding a L. K. Dickson, Associação Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, maio de 1953.] Caro irmão Dickson, Espero que em algum momento você encontre o tempo e a disposição para ler esta carta. É com a mais profunda simpatia e o desejo de cooperar que eu recebo a chegada de vocês, irmãos — você, o professor Cossentine e o pastor Bradley — ao Southern Missionary College, com o expresso propósito de conversar com o corpo docente acerca dos amplos problemas da educação cristã. As poucas palavras que trocamos após sua fala inicial, bem como suas declarações públicas, revelam a consciência de uma ferida profunda em nosso corpo educacional, o coração de toda a nossa causa, e da necessidade de uma cura radical a fim de encontrar uma solução. O corpo docente foi convidado a conversar abertamente com você sobre os motivos da doença, cujas consequências se manifestam na letargia espiritual, nas atitudes falsas e ofensivas, e na falta de poder para terminar a obra de Deus. Pensei em participar do debate público; mas se eu fosse dizer o que se passa em meu coração, ao analisar as causas e sugerir o remédio, tomaria tempo demais e, além disso, penso que não seria polido, nem sábio. Minha fala seria contrária às linhas de pensamento típicas entre nossos educadores e, se fosse recebida como digna de algum valor e peso, teria a tendência, nessas circunstâncias, de confundir os alunos e talvez os professores, provocando controvérsia. A área da reforma, da maneira como a percebo, atinge com tanta profundidade nossa filosofia e prática que aponta para uma revolução completa em nossas políticas denominacionais de educação, revolução esta que se tornou necessária por termos nos afastado tanto para a esquerda a ponto de estarmos de costas para o padrão. Não tenho a pretensão de ser instrutor de nossos líderes, cuja habilidade e sinceridade (de modo geral) não me causam dúvida. Não passo de um pequeno servo em nossas fileiras, sem o prestígio e a educação que me qualificariam como conselheiro de peso. Todavia, minha mente 178 | Estudos em Educação Cristã se encontra tão preocupada com o estado de nossa obra educacional que, quando digo para mim mesmo me calar e ignorar qualquer sensação de responsabilidade, não consigo descansar, nem dormir. E começo a escrever esta carta à meia-noite por causa desse fato. Tenho o privilégio de estar ligado há muito tempo e ter vasta experiência com nossa obra educacional, tanto dentro quanto fora de nossos colégios; e, ao longo de mais de meio século, tenho estudado os princí- pios, a estrutura e os processos educacionais que Deus nos concedeu por intermédio de Ellen G. White. Percebo em seus escritos mais que meras máximas aforísticas em belas dissertações sobre religião e aprendizado; em vez disso, encontro um sistema profundamente concebido e bem integrado de educação, que envolve filosofia, escopo, forma, conteúdo, método e, acima de tudo, espírito. Tais escritos constituem um projeto que, conforme demonstra nossa história, tem sido pouco lido, menos entendido e nada compreendido. Nosso afastamento dele é consequência dessa falta de percepção e vontade de seguir. O melhor compêndio dessa riqueza de sabedoria educacional se encontra no livro Educação. E está complementado por várias outras obras, como Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, Fundamentos da Educação Cristã, A Ciência do Bom Viver e várias outras obras escritas em fases específicas, incluindo, em especial, a seção sobre educação em Testemunhos para a Igreja, volume 6. Fui, portanto, tocado a registrar brevemente minhas convicções acerca dos motivos enraizados para a pobreza e confusão espiritual entre nossos obreiros e nosso povo, que emanam principalmente de nossas escolas. Por ser avançado em anos, é possível que eu não viva para ver nem mesmo o início da reforma; pois se ela acontecer — e deve acontecer antes que este povo esteja pronto para o encontro com o Senhor Jesus —, envolverá uma reviravolta tão radical e completa que, exceto por um milagre insondável de Deus, não será realizada em um dia. Mas desejo deixar pelo menos a meus filhos e a quem quiser ouvir um testamento de minha fé e visão. Uma reforma só será adequada e eficaz se chegar à raiz da doença. Pequenas doses de remédios e emplastros superficiais, que tratam os sintomas e os arranhões, são tão inadequados e inúteis quanto cegos. Eles só “curam superficialmente a ferida do meu povo” [ Jr 8:11]. O fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não é destruído pela rejeição de apenas um ou poucos exemplares bichados. A árvore deve ser Apêndice E – Carta de A. W. Spalding | 179 rejeitada; devemos nos voltar para a árvore da vida. Para ser breve, nas ideias que apresento a seguir, cito como fonte de autoridade apenas uma declaração do Espírito de Profecia; na maioria dos casos, existem vários outros testemunhos adicionais. Vinte e cinco anos atrás, em 1928, chegamos a nossa Cades-Barneia educacional. A terra prometida estava a nossa frente, mas a maior parte dos espias voltou com um relatório desanimador. Desencorajados com o relato de gigantes e cidades fortificadas, nos afastamos dos mandamentos do Senhor e rejeitamos Suas instruções de não ir em busca de nossa educação nas universidades, nas escolas do mundo (Fundamentos da Educação Cristã, p. 347, 359, 451, 467-474). A verdadeira educação superior se encontra no estudo do conhecimento revelado de Deus e de Sua sabedoria (ibid.; Educação, p. 14). Havia uns poucos Calebes e Josués ali, mas suas vozes foram sufocadas pelos clamores da multidão. Votamos a favor de afiliação e reconhecimento dos cursos, aceitando toda a afinidade que isso envolveria com a educação do mundo. O resultado de uma geração de treinamento em cursos de pós-graduação nas faculdades do mundo é que nossas instituições educacionais e nosso currículo foram moldados segundo o padrão colocado diante de nós ali. Se essa tendência não nasceu ali, foi, no mínimo, fortalecida. Se, em vez disso, tivéssemos nos voltado para um estudo intensivo e adequação fiel aos conselhos do Espírito de Profecia, com a mente iluminada pelo Espírito Santo, estaríamos agora tão à frente do mundo em nossos ideais e nas nossas demonstrações que seríamos a cabeça, não a cauda, andando em cadeias no rastro de nossos captores. Se tal descrição parece injustificada, se eles não conseguirem ver que isto é fato, permita-me perguntar: o que devemos esperar quando voltamos as costas às orientações divinas? São elas irrelevantes? Podem elas ser racionalizadas? Não sofremos nenhuma retribuição por nossa desconsideração e desobediência? Assim raciocinava Israel ao longo de sua tortuosa história de deslealdade e idolatria, até que, conforme disse o cronista, “não houve remédio algum”. Fui desafiado por alguns líderes a dizer como podemos enfrentar as dificuldades, as obstruções legais a nosso funcionamento como indivíduos ou instituições, sem nos conformarmos com as regulamentações dos órgãos reconhecedores de cursos e as leis estaduais e, portanto, com a educação oferecida pelas universidades. Eu não sei; ninguém sabe. Mas 180 | Estudos em Educação Cristã quando Israel chegou diante do Mar Vermelho e do Jordão na época da cheia, nenhuma estratégia humana, nenhum conselho dos sábios deste mundo seriam capazes de salvá-los dos egípcios ou de permitir que entrassem na terra prometida. E eu sei com base em meus estudos dos testemunhos sobre educação que o projeto da educação cristã que nos foi dado propõe o sistema de educação mais verdadeiro, útil para o serviço, sábio e grandioso já apresentado, tão acima dos sistemas do mundo que os supera em luz assim como o sol brilha mais que a vela. Se isso parecer extravagante, o é apenas para aqueles que se acham encantados com luz da vela e nunca viram a luz do sol. Para muitos, parece ridículo acusar nossas escolas de falha em questões curriculares ou metodológicas. Eles apontam para as melhoras e os supostos avanços nas bibliotecas, nos laboratórios, nas técnicas, nas afiliações e nos métodos mais científicos de ensino, que são ou parecem ser fruto da cooperação com o mundo. Será que aconselharíamos o retorno aos inocentes dias de Mary Hopkins, assentada na ponta de uma tora e um aluno na outra? Reduziríamos nosso corpo docente de mestres e doutores à condição de professores sem escolaridade como Uriah Smith, Stephen Haskell e Goodloe Bell? Dar ouvidos aos testemunhos não significa reduzir nossos educadores ao estado de ignorantes e imbecis. E os homens que foram ridicularizados por não terem diploma eram, todavia, indivíduos sábios, hábeis e capacitados. G. H. Bell, embora não tivesse títulos acadêmicos, foi o único homem naqueles primeiros dias que entendeu a visão dada pelo Senhor a Sua serva, não escolarizada, Ellen G. White, e buscou com toda sua inteligência e todo seu poder colocar os princípios em funcionamento. Foi rejeitado como líder em favor de um homem com formação universitária, mas que, mais tarde na vida, me confessou que havia sido naquela época, em suas próprias palavras, “um tolo culto”. E o auge dessa política nos brindou com a pessoa de Alexander McLearn, que fez o colégio de Battle Creek parar de funcionar por um ano inteiro. Aprendemos pouco e devagar. Quem é capaz de ler, com a mente iluminada pelo Espírito Santo, a grande obra-prima da irmã White, que é o livro Educação, e não reconhecer a sabedoria profunda, a ciência abrangente de educação que Deus nos ofereceu? Nunca estudamos de verdade, nem praticamos, tampouco tentamos alcançar o que o livro ensina. Para os que poderiam ter recebido a instrução e luz provindos do estudo dos testemunhos, não teria havido Apêndice E – Carta de A. W. Spalding | 181 necessidade alguma de correr atrás das associações de reconhecimento oficial dos cursos ou das leis estaduais a fim de inspirar a melhora de nossas instalações e de nossos métodos. Estávamos dormindo, mas não precisávamos do vinho de Babilônia para nos inflamar; necessitamos do fruto da árvore da vida. Quanto mais afinidade tivermos com as escolas do mundo, mais nos afastaremos da presença de Deus. Ler o primeiro artigo dos Testemunhos para a Igreja, volume 6, na seção “Educação”, intitulado “A necessidade de reforma na educação”, é sentir uma faca apunhalar nossas políticas educacionais. Estamos recebendo a marca da besta e sua imagem ou o selo de Deus? (p. 130). Mesmo assim, nossas escolas são infinitamente melhores do que as escolas do mundo. São “cidades de refúgio” para nossos jovens. Os princípios de nossa fé exercem grande efeito sobre a vida e nossas praxes. Por mais esquecidos e negligenciados que tenham sido em grande medida, seu impacto sobre nossa vida ainda é considerável. Em nossas escolas, são observados e inculcados princípios corretos de conduta social, alimentação e saúde, abstinência de narcóticos, estudo aplicado, reverência e devoção que exercem maior ou menor impacto sobre os alunos. E o elevado caráter moral de nossos professores em geral, sua devoção e consagração, embora em graus variados, sua percepção dos valores espirituais, exercem marcante efeito sobre os estudantes. Poderia ser melhor, mas graças a Deus pelo que já é. Muitos professores que concluíram a pós-graduação nas escolas seculares são pessoas de profunda espiritualidade e consagração de toda a alma. Podem ser comparados a Moisés precisando apenas da experiência no deserto. Todavia, não há perfeição. A pequena superioridade moral que alcançamos em relação ao mundo não é a elevada marca que Deus nos apresentou. Até nos dias de Acabe, o impacto da adoração difusa a Jeová tinha um efeito sobre os governantes, a ponto de sua reputação no mundo ser elevada: “os reis da casa de Israel são reis clementes” [1Rs 20:31]. Mas isso não transformava Acabe em um homem de Deus, nem neutralizava a influência de Jezabel. Elias e Eliseu ainda têm uma obra a realizar por nós. “Precisamos agora recomeçar novamente. Precisamos empreender reformas com alma, coração e vontade. ... Se não houver, em certos aspectos, uma espécie de educação inteiramente diversa da que tem sido 182 | Estudos em Educação Cristã seguida em algumas de nossas escolas, não precisávamos ter incorrido no ônus de compra de terras e construção de edifícios escolares” (Testemunhos para a Igreja, volume 6, p. 142). Eu era aluno no Colégio de Battle Creek na época em que isso foi escrito; agora sou professor. Minha carreira acadêmica já se estende por muitos anos; e dou testemunho de que a necessidade de reformas é maior agora do que era naquela época, pois nós retrocedemos. Dizemos que somos diferentes das escolas do mundo porque ensinamos a Bíblia. Mas outras escolas denominacionais também ensinam a Bíblia. A pergunta é: quão verdadeiro é o ensino? As mentes que se afastam da luz de Deus em qualquer etapa ou aspecto ficam obscurecidas em compreender o espírito da verdade bíblica. A verdade de Deus é mais profunda que um credo. A doutrina é a moldura da verdade, mas, sem a vida, ela se torna um esqueleto inflexível. Mas a influência que nos levou a nos afastar do projeto divino é tão sutil que se tornou imperceptível para os envolvidos, e como o povo nos dias de Malaquias, eles se perguntam em ferida inocência: “Em que nos afastamos do projeto? Dê-nos exemplos específicos”. Citarei cinco áreas em desarmonia com a Palavra de Deus nas teorias e práticas educacionais de nossas instituições. Elas constituem apenas alguns exemplos de desobediência; há outros, como, por exemplo, a estrutura e o código social, a agricultura como o ABC do esforço educacional, trabalho educativo em empreendimentos industriais, ostentação em vez de simplicidade, o tipo de entretenimento, a preocupação com as coisas da carne e do mundo. Mesmo que todas as nossas divergências em relação ao projeto original não sejam produto do envolvimento com o mundo, elas são, de todo modo, incentivadas pelo contato com os ideais e métodos recebidos nas escolas mundanas. Acaz não precisava ir a Damasco para provar sua deslealdade; mas, quando foi, trouxe de volta o altar pagão e o colocou na casa de Deus. Passo agora a citar as cinco transgressões: 1. Incentivo, motivação. Em nossa primeira reunião aqui, discutiu-se, durante um período, sobre o desejo pessoal infeliz e até escandaloso de certos obreiros de serem reconhecidos como grandes homens, de cobiçarem posições e autoridade, de entrarem em rivalidade por causa de honra e domínio. A pergunta timidamente levantada foi se a prática escolar de conferir responsabilidades aos alunos e lhes conceder honras e recompensas era responsável por inculcar esse espírito. O problema é muito mais profundo Apêndice E – Carta de A. W. Spalding | 183 do que isso. A juventude em formação precisa receber judiciosamente responsabilidades cada vez maiores; mas qual é o incentivo oferecido para quem trabalha, se organiza e se aperfeiçoa? Esse é o fator que determinará se essa educação social e administrativa será benéfica ou prejudicial. O principal incentivo do mundo é a competição, a rivalidade. Eu poderia escrever um tratado sobre a natureza e as ramificações desse impulso egoísta — o que fiz no livro de minha autoria Who Is the Greatest? [Quem é o Maior?]. Ele merece ser estudado. Tanto a Bíblia quanto o Espírito de Profecia condenam a rivalidade (e a competição, de onde ela se origina) como fonte de motivação para o cristão (Marcos 10:42-45; Educação, p. 225, 226). O incentivo cristão é o amor altruísta, o amor de Cristo, a cooperação, o ministério. Reconhecemos isso, mas mesclamos com isso o incentivo da competição e, com frequência, permitimos que ele se torne dominante. Honramos o templo e oferecemos sacrifícios ali, por ser um lugar bonito, que nos dá prestígio; mas também mantemos os lugares altos e nos prostramos diante das imagens de Baal e Astarote. Como? Por meio dos incentivos de classes, com notas, classificações, prêmios e honras especiais; mediante nossa vida social, nossas recreações e, em última instância, por intermédio da vida profissional de nossos alunos ao saírem das escolas e ingressarem na obra de Deus. Organizamos competições e damos recompensas e prêmios para os vencedores. Essa é uma prática tão comum e consolidada pelo tempo que ficamos pasmos quando ela é desafiada. No final dos reinos de Israel e Judá, com exceção das reformas intermitentes de Josias, os altos permaneceram e eram considerados, até certo ponto, parte da adoração a Jeová. Estamos repetindo a história. Mas o incentivo e o local de adoração do cristão não se encontram na competição, nem na rivalidade, mas sim no puro impulso do amor, o amor de Deus. A adesão ao incentivo cristão do amor, se estudada em todos os seus aspectos e aplicações, revolucionaria nosso sistema e nossa vida, produzindo homens e mulheres que conhecem o Espírito de Cristo, o qual se enterrou na cova da necessidade do mundo a fim de produzir mais frutos. A menos que as políticas e práticas de nossas escolas sejam revertidas, continuaremos a formar jovens obreiros centrados em si mesmos, egotistas e arrogantes. É claro que haverá exceções, na medida em que o amor de Deus operar secretamente na vida de algum ou alguma jovem, 184 | Estudos em Educação Cristã aqui e ali. Mas qual é a responsabilidade da escola? O espírito de rivalidade pode começar no lar e certamente existe dentro da comunidade que ajuda a moldar o caráter inicial; pode se encontrar, e muitas vezes se encontra, dentro da igreja. Nossas escolas, porém, em vez de corrigi-lo, o promovem. O colégio é a última oportunidade de reforma, e este não está desempenhando sua função. 2. Literatura. A despeito das instruções claras e explícitas nos Testemunhos (Educação, p. 226, 227), de um grande volume de instruções sobre os males de submeter nossos alunos à influência de autores pagãos, nossos cursos de literatura continuam a apresentar tais escritores e impor seu estudo. Alguns professores de inglês parecem incapazes de diferenciar entre o bom e o mal dentro da literatura, salvo quando se chega aos extremos. De Homero a Shakespeare, passando por pigmeus modernos como Walt Whitman, os professores induzem seus estudantes a uma enorme quantidade pagã e neopagã de crimes, sangue, obscenidade e blasfêmia. É verdade que há casos de beleza e honradez em todos esses autores; o Diabo reveste seus filhos de púrpura e ouro. Mas as águas da pureza são contaminadas por poças de lama. Nosso estudo da literatura deveria ser seletivo, conforme demonstrou o professor Bell, e não abrangente, como ditam todos os conceitos mundanos de estudo da literatura. Nosso objetivo na educação não deve ser chegar ao nível das escolas do mundo e copiá- -las, mas sim atender as necessidades da igreja em sua obra específica. O alvo da educação cristã é o desenvolvimento do caráter; o que a igreja e o mundo necessitam é de “rapazes e moças... aptos a assumir sua devida posição de liderança na família. Tal educação, porém, não se adquire pelo estudo dos clássicos pagãos” (A Ciência do Bom Viver, p. 444). As regulamentações das entidades reconhecedoras de cursos podem ser dadas como desculpa para continuar a transgressão da vontade divina. Que desculpa deplorável aos olhos de Deus e levando em conta o caráter de nossos jovens que está sendo formado. Mas descobri que, no ensino de literatura, tais leis não são tão inflexíveis. A menos que os professores tenham adquirido gosto pelas panelas de carne do Egito, não são obrigados por leis rígidas a se alimentar delas. O ensino de tais sujeiras e males clássicos, perversamente, contraria o próprio objetivo a que o ensino se propõe, rebaixando o gosto dos alunos e levando-os a apreciar os mais medíocres tipos de ficção, notícias esportivas e quadrinhos. Dessa Apêndice E – Carta de A. W. Spalding | 185 maneira, até o aprendizado de literatura bíblica como matéria escolar se torna desagradável e, junto com ensinos não inspirados, aumenta a aversão dos alunos pelas Escrituras. O que estamos fazendo com nossos futuros pastores e professores? 3. Recreação. A instrução do Espírito de Profecia sobre recreação é construtiva, e não meramente negativa (Educação, p. 207-222). Mas é explícita o suficiente ao condenar os esportes competitivos de maneira definitiva nesse campo; e todos os argumentos falaciosos de “mudança de ares” são tão carentes de convicção que, no fim das contas, não passam de simples oposição ousada e aberta à instrução, vista como irrealista e opressora (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, 350ss.). Houve uma época, quarenta a cinquenta anos atrás, em que os esportes competitivos foram banidos de quase todos os nossos colégios, se não de todos. Mas voltaram com toda força, e a adesão a eles aumenta. Os professores parecem incapazes de enfrentar, de maneira construtiva ou até mesmo defensiva, a impetuosa demanda dos estudantes por esportes. E o motivo, mais uma vez, é que falhamos em estudar, seguir e desenvolver as instruções dos Testemunhos do Espírito de Deus. Há tão grande inspiração e uma recreação tão saudável, combinada com ciência e crescente apreço, no estudo da natureza e de suas atividades, desde trilhas até a prática da jardinagem! Há riqueza de sabedoria, sabedoria da Palavra de Deus, a ser obtida nessas atividades que superam em muito as recompensas triviais e baixas dos esportes. Em contrapartida, não há maior aliado do incentivo maléfico à rivalidade do que os esportes competitivos. E essa fortaleza do diabo é uma das mais difíceis de dominar. Não acredito que se deva retirar subitamente os esportes da vida escolar, sem substituí-los pela verdadeira recreação. E isso não pode ser feito de maneira repentina e arbitrária. A substituição deve ser um crescimento, não uma destituição. Deve ser criada uma experiência tão deleitosa e entusiasmante pelas coisas da criação divina que naturalmente deslocaria o desejo por rivalidade dos jogos atléticos. Essa é uma tremenda tarefa e oportunidade para nossos professores e nossas escolas. A menos que seja realizada, continuaremos a ficar dependurados à beira do precipício da deslealdade e da perda. 4. Estudo da natureza e ocupação. Existem muitos estudos despejados sobre nossos estudantes que são relativamente sem importân- 186 | Estudos em Educação Cristã cia, enchendo tanto o programa a ponto de impossibilitar a inclusão de campos de estudo negligenciados, porém mais importantes. Cito como exemplo o estudo da natureza. Deus tem três livros: a Bíblia, a natureza e a história. A criação foi Seu primeiro livro com o objetivo de nos transmitir Seus pensamentos. Posteriormente, por causa do pecado, deu-nos a Bíblia, que ilumina e interpreta tanto a natureza quanto a história. O estudo da natureza — não só para conhecer seus mecanismos, mas para explorar os pensamentos de Deus — é parte vital da educação cristã, algo que os Testemunhos revelam e enfatizam. Mas quem dentre nós é capaz de ler e ensinar a Palavra de Deus com base na natureza? A primeira instrução das três mensagens angélicas — a essência de nossa mensagem — é ignorada, pois não podemos conhecer o Deus Criador a menos que conheçamos Sua criação. De modo geral, as ciências naturais são ensinadas como matérias áridas e engessadas — nomes, ordens, leis e classificações. Para muitos dos estudantes que as aprendem a fim de conseguir o diploma, são um tédio sem fim. Isso não é abrir as obras de Deus diante dos alunos. Nem a ciência de ler a Palavra de Deus pode ser obtida nas escolas do mundo. Ela só é aprendida pela combinação do estudo da natureza, da Bíblia e dos Testemunhos. Isso não significa ignorar as descobertas científicas e o vasto conhecimento que admitidamente são encontrados nas escolas seculares e em seus professores, bem como nos cientistas e eruditos de fora do ambiente acadêmico. Mas tal conhecimento pode ser alcançado sem que nos matriculemos nessas instituições, e deve ser filtrado usando como base as verdades que nos foram reveladas pelo próprio Deus. Se há pessoas que devem ser confiadas às garras das universidades, precisam ser selecionadas com cuidado, não levando um grupo indiscriminado de jovens desejosos de obter diplomas de nível superior; e devemos nos dar conta de que, mesmo fazendo tais seleções e recomendações, corremos o risco de sacrificar alguma porção de nossa preciosa herança. Mas não estamos incluindo o estudo da criação divina de maneira adequada ou perspicaz em nossos colégios (com a exceção de alguns casos em que homens instruídos e consagrados têm feito trajetórias brilhantes como verdadeiros mestres). Recentemente, um estudante de teologia, inteligente e entusiasta, me perguntou: — Como você encontra a Palavra de Deus na natureza? Eu vou para o ar livre e me sento no meio das coisas; Apêndice E – Carta de A. W. Spalding | 187 vejo, mas não recebo nenhuma mensagem celestial. Como se aprende a ler os pensamentos de Deus na natureza? Eu disse: — Uma boa maneira de começar é seguir o conselho encontrado na página 120 do livro Educação, que nos orienta a comparar a Bíblia com a natureza. — Ora, eu não sabia que havia alguma coisa no livro Educação sobre a natureza — respondeu ele. — Você já leu o livro? — Sim, três vezes, quando cursei uma matéria. Mas não me lembro de nada sobre a natureza nele!!! Localizamos nosso colégio em meio à bela obra de Deus, mas os olhos e ouvidos de nossos alunos são mantidos de maneira tão opressora em suas tarefas acadêmicas e atividades extracurriculares, e há tanta escassez da influência revigorante das coisas de Deus reveladas na natureza que menos de um em cada dez estudantes conhecem a natureza ou se interessam por seu estudo. Todavia, “Nas pétalas do lírio, escreveu Ele uma mensagem para vós — escreveu-a em uma linguagem que vosso coração só pode ler à medida que desaprender as lições de desconfiança e egoísmo, de corrosivo cuidado” (O Maior Discurso de Cristo, p. 96). 5. Educação dos pais. Começamos nosso empreendimento educacional no topo, com uma escola de nível superior. Já estávamos quase um quarto de século atrasados no estabelecimento da educação fundamental. Nunca nos esforçamos em lançar os alicerces, a educação pré-escolar da criança. No entanto, tudo isso está explicado para nós nos Testemunhos, e somos instruídos de que os primeiros anos são os mais determinantes na educação do indivíduo (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 107). Os primeiros conselhos sobre educação foram dedicados à vida doméstica e ao ensino que os pais devem proporcionar aos filhos. Em Testemunhos para a Igreja, volume 3, a partir da página 131, são apresentadas instruções muito específicas e foi dada a orientação (bem anterior às descobertas científicas) de que, até os oito ou dez anos de idade, a única escola da criança deveria ser o lar e seus únicos professores, os pais (Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, p. 79, 80, 107). Mas isso pressupõe a competência dos pais como professores (ibid., p. 108). De maneira tola, insincera e perversa, essa declaração tem sido usada por muitos educadores e administradores como desculpa para isentá-los de qualquer participação nesse programa educacional : “Deixem que os pais o façam”. Mas os pais não têm recebido nenhum treinamento das escolas da igreja para que cumpram seu esperado papel de professores. O conheci- 188 | Estudos em Educação Cristã mento e a habilidade que têm foi herdado de seus próprios pais ou adquirido por meio da leitura casual ou instrução aleatória. Raramente esse importantíssimo ramo de estudos é organizado, integrado, completo. O sistema educacional da igreja não tem lugar para isso. Contudo, a igreja é orientada a dar essa educação aos pais (Educação, p. 275, 276). Instruções deveriam ser dadas a todos os alunos universitários, e provavelmente do Ensino Médio, sobre os deveres, os privilégios e as responsabilidades da vida doméstica e da paternidade (A Ciência do Bom Viver, p. 444). O estado lamentável dos lares adventistas do sétimo dia — sem dúvida, não inferiores do que a média dos lares do mundo, porém não superiores de modo geral e, em incontáveis casos, muito doentios — se deve à grande negligência do programa educacional da igreja. Além de nossos alunos deverem ser preparados para o casamento e a criação dos filhos, professores especialmente treinados para ensinar os pais e instituir pré-escolas modelos deveriam ser capacitados para ir às nossas igrejas, tanto as antigas quanto as novas, bem como a comunidades não adventistas, a fim de ministrar um curso cristão completo a pais e filhos. Essas instruções deveriam ser dadas em especial aos futuros ministros e suas esposas. Entretanto, nossos colegiados dão de ombros e preferem ignorar essa necessidade básica. Preocupados com o fator econômico, sua mente vacila diante do custo previsto e provável. Há dinheiro para lindos prédios dedicados à ciência, para ornamentados templos de adoração, para tudo, menos para a obra fundamental de educação, o treinamento dos pais para a educação pré-escolar de seus filhos. Dezessete anos depois de a irmã White ter influenciado o estabelecimento da educação fundamental denominacional, ela me disse acerca da capacitação dos pais: “Esta é a obra mais importante diante de nós como povo e mal começamos a tocá-la com a ponta dos dedos”. Quarenta anos se passaram e ainda não começamos a tocá-la com a ponta dos dedos. De que maneira elevaremos o nível de espiritualidade e poder na igreja enquanto negligenciamos os próprios fundamentos de nossa obra educacional? “Ora, destruídos os fundamentos, que poderá fazer o justo?” [Salmos 11:3]. Até mesmo este mundo está rapidamente avançando à nossa frente, que temos luz e instrução há setenta e cinco anos. Estamos na cauda do progresso educacional, quando deveríamos ser a cabeça. As escolas do mundo, desde instituições de Ensino Médio até as universidades, estão Apêndice E – Carta de A. W. Spalding | 189 formulando políticas e criando meios para a educação para a vida e o treinamento domésticos. Não podemos depender de universidades e faculdades de pedagogia para dar essa capacitação aos nossos professores. Embora possamos encontrar muita coisa de valor em suas descobertas e experiências, não podemos permitir que nossos professores de pré-escolas se sujeitem às aulas deles, pois há erros demais entremeados à verdade. Tudo aquilo que aprendemos com eles, por leituras e consultas, deve ser filtrado com base nas instruções sagradas que Deus nos concedeu. Quando nossos líderes despertarão para essa necessidade vital e premente e agirão? (Testemunhos para a Igreja, volume 6, p. 196). Nunca, mesmo com todos os alarmes, apelos ao arrependimento e à oração, e esforços de reavivamento, nunca realizaremos a reforma, a menos que cheguemos às raízes do problema, enfrentemos os fatos claros como cristãos, nos arrependamos de nossa insensatez, indiferença e negligência e nos voltemos de todo o coração para Deus, que espera que terminemos Sua obra nesta geração ( Josué 7:10-13). Que o Senhor nos dirija e controle de tal modo que nossos colégios se tornem mais como as escolas dos profetas do que como a Pontifícia Universidade Urbaniana de Roma. É nessa obra que se encontra nossa única esperança de sermos instrumentos nas mãos de Deus a fim de terminar Sua obra, em vez de sermos rejeitados como aconteceu com Seu povo escolhido, os judeus. Atenciosamente, A. W. Spalding Adventist Pioneer Library Para maiores informações, visite: www.APLib.org www.EditoraDosPioneiros.com.br ou escreva para: contact@aplib.org contato@editoradospioneiros.com.br